O MDB, partido de Ricardo Nunes, candidato à reeleição, queria outro político como vice do prefeito de SP.
Porém, Jair Bolsonaro resolveu por seu dedo podre na chapa, indicando Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo (PL).
Ele é ex-coronel da Polícia Militar paulista e ex-presidente da Ceagesp, um bolsonarista convicto que nunca concorreu as eleições.
Mello Araújo tem um histórico polêmico.
Ele já manifestou apoio ao impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles Alexandre de Moraes, que é aliado de Tarcísio.
No passado, o bolsonarista também levantou suspeitas sobre a integridade das urnas eletrônicas e criticou as medidas de isolamento social durante a pandemia de Covid-19.
Já durante a chefia das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, batalhão de elite da Polícia Militar, defendeu abordagens policiais diferenciadas entre bairros de elite e periferias e tentou extinguir a Ouvidoria da polícia.
Como presidente da Ceagesp, Mello Araújo militarizou a instituição, nomeando 22 policiais militares para cargos comissionados e alugando uma sala para um clube de tiro.
Ele chegou a organizar um evento político com veteranos da PM, onde declarou: “Não podemos permitir que o comunismo assuma nosso país”. A fala gerou uma investigação da Corregedoria da PM.
Ricardo Nunes, de maneira estratégica, deixou a cargo de Tarcísio o anúncio do nome de seu vice. O governador fez isso sem grande entusiasmo, elogiando a trajetória de Mello Araújo na Polícia Militar e sua gestão na Ceagesp. Nunes, por sua vez, defendeu a escolha afirmando que foi resultado de diálogo democrático e que Mello Araújo contribuiria significativamente para o plano de governo, combatendo corrupção e crime organizado.
A insatisfação dentro da base aliada ficou evidente. Milton Leite, presidente da Câmara Municipal de São Paulo e membro do União Brasil, expressou sua contrariedade, ressaltando a falta de experiência do vice em eleições e a necessidade de ele provar seu valor no novo cargo. Leite resumiu o sentimento geral de descontentamento e ceticismo em relação à escolha.
Os principais adversários de Nunes, como Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB), aproveitaram a oportunidade para criticar a imposição de Bolsonaro. Boulos destacou que a escolha de Mello Araújo indicava que Bolsonaro controlaria a cidade caso Nunes fosse reeleito, enquanto Tabata apontou que a resistência inicial de Nunes ao nome de Mello Araújo revelava a influência bolsonarista sobre sua candidatura. Com São Paulo tendo rejeitado Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais, a escolha do vice pareceu um tiro no pé para Nunes.