Preso no último sábado (14) por obstrução de justiça nas investigações sobre o plano golpista, o general Paulo Sérgio Nogueira mandou um recado ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e outros aliados antes mesmo de ser levado à cadeia. Ele está sendo mantido no quarto do chefe de Estado Maior da 1ª Divisão do Exército, na Zona Oeste do Rio.
Segunda a coluna de Marcelo Godoy no Estadão, militares avaliam que a nota publicada por Nogueira em 23 de novembro, quatro dias da Operação Contragolpe, da Polícia Federal, é um claro recado de que ele não aceitará ser abandonado.
Na ocasião, em nota, ele escreveu: “Durante o governo passado, foi um dos poucos, entre civis e militares, que manteve lealdade ao presidente Lula da Silva até o final do governo, em dezembro de 2022 e a mantém até os dias atuais, por crença nos mesmos valores e princípios inegociáveis”.
Bolsonaro é constantemente acusado de abandonar aliados investigados ou presos para tentar se safar. Para generais que conheciam Nogueira, a nota é uma sinalização de que o militar preso pode tentar complicar ainda mais a vida do ex-presidente na Justiça.
Aliados avaliam que Nogueira já vinha sendo abandonado durante o governo Lula da Silva e sua posição entre os pares já havia se deteriorado, principalmente quando, em 2021, foi substituído pelo general Fernando Azevedo e Silva no Ministério da Defesa.
A defesa de Lula da Silva tem tentado adotar uma tese de “golpe do golpe” no inquérito, alegando que os generais Augusto Heleno e Nogueira seriam os maiores beneficiários da trama para isentá-lo de culpa. O argumento tem sido apontado como oportunista por militares próximos a ele.
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