O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que não pratica “diplomacia de microfone”, ao responder a declarações de Lula (PT) e do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, sobre as eleições venezuelanas.
Petro propôs abertamente a realização de “novas eleições livres” na Venezuela, em meio à disputa entre Maduro e a oposição, liderada por María Corina Machado e Edmundo González Urrutia. O presidente Lula (PT) fez a mesma sugestão.
Os presidentes brasileiro e colombiano também cobraram reiteradamente a divulgação das atas eleitorais pelas autoridades venezuelanas.
“No Brasil, o ex-presidente Bolsonaro, aliado da extrema-direita fascista da Venezuela, alegou fraude e não aceitou a derrota. E foi o tribunal brasileiro [TSE] que decidiu”, disse Maduro ao jornal El Tiempo. “Ninguém na Venezuela e em nosso governo pediu algo.”
O chavista relembrou que, sete dias após a posse de Lula, bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, no 8 de Janeiro de 2023. “Surpreenderam com uma tentativa de golpe de Estado. E o que se fez na Venezuela foi condenar a violência e o fascismo. Jamais praticamos a diplomacia de microfone.”
Em publicação nas redes sociais, além de recomendar novas eleições, Gustavo Petro sugeriu “levantamento de todas as sanções contra a Venezuela, anistia geral nacional e internacional, garantias totais à ação política e governo de coexistência transitório”.
Lula e Petro têm trabalhado em conjunto na tentativa de viabilizar uma solução para a crise na Venezuela – o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, se afastou de Brasil e Colômbia na articulação.
“Ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade, para o mundo”, disse o petista em entrevista à Rádio T, do Paraná. “Se ele tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário de que participe todo mundo e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro.”
María Corina Machado reagiu rapidamente e repudiou a possibilidade de a Venezuela convocar uma nova votação. “Propor ignorar o que aconteceu em 28 de julho, para mim, é uma falta de respeito pelos venezuelanos que deram tudo”, disse em conferência virtual com jornalistas chilenos e argentinos. “A soberania popular deve ser respeitada. As eleições aconteceram e a sociedade venezuelana se manifestou em condições muito adversas.”
Pelas redes sociais, González Urrutia se manifestou indiretamente sobre o assunto. “As eleições presidenciais na Venezuela foram realizadas em 28 de julho e foram vencidas por esmagadora maioria por Edmundo González Urrutia”, publicou a conta oficial do candidato.
Em uma plataforma na internet, a oposição venezuelana sustenta que González teria vencido Maduro por 67% a 30%. Por outro lado, o Conselho Nacional Eleitoral ratificou a vitória do presidente por 51,9% a 43% dos votos.