O Supremo no púlpito

Flávio Dino (foto/reprodução internet), em surto teológico-jurídico, decidiu comparar a atuação do Judiciário à saga do povo de Deus rumo à terra prometida. Entre bezerros de ouro e mandamentos constitucionais, o ministro do Supremo Tribunal Federal pregou para convertidos, enquanto o ministro Alexandre de Moraes, em êxtase cômico, perguntou se Dino queria virar Papa. Faltou pouco para o incenso. Mas o sermão não parou por aí. Dino ainda mirou os “juristas de Twitter”, como se o altar do saber jurídico estivesse reservado aos ungidos da faculdade. O STF se tornou protagonista no palco político, comenta tudo, pauta o país, mas não admite ser contestado. Quer monopólio de fala e imunidade à crítica. Se Jesus expulsou os vendilhões do templo, o STF parece querer expulsar os críticos da praça. A nova liturgia do poder é essa: fala-se muito, escuta-se pouco — e os apóstolos da verdade revelada não toleram hereges.

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