
O silêncio que dói: por que a imprensa precisa falar sobre Felca
por Elias Tavares
Na semana passada, o influenciador Felca publicou um dos vídeos mais assistidos no Brasil, denunciando a exploração de crianças e adolescentes em conteúdos impróprios. A repercussão foi imediata: perfis foram derrubados, autoridades se manifestaram e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, anunciou que pretende pautar projetos relacionados à proteção da infância.
Apesar da gravidade do tema e do alcance do vídeo, parte significativa da grande imprensa ignorou o assunto. O caso mais emblemático foi o Fantástico, tradicional revista eletrônica da TV brasileira, que não dedicou sequer um minuto de sua programação ao episódio. E aqui faço um registro pessoal: assisto ao Fantástico justamente por acreditar que ele sintetiza os principais acontecimentos da semana. Quando um programa com esse alcance deixa de abordar um tema tão urgente, a sensação é de que algo está profundamente errado.
O silêncio não se restringe à Globo. Outros veículos também deixaram passar a oportunidade de aprofundar o debate e oferecer contexto para que a sociedade entenda o tamanho do problema. Não estamos falando de uma pauta de direita ou esquerda. Estamos falando de humanidade, de garantir um ambiente seguro para crianças e adolescentes, longe de qualquer forma de exploração.
Quando a imprensa não cumpre seu papel de expor e investigar, enfraquece a luta contra crimes que afetam os mais vulneráveis. Não basta registrar a denúncia: é preciso sustentar o tema no debate público, fiscalizar as respostas do poder público e cobrar mudanças estruturais.
A omissão, neste caso, é cúmplice. E a proteção da infância que é dever da família, da sociedade e do Estado — também depende de uma imprensa vigilante, que não se intimide nem se omita diante do que realmente importa.
Elias Tavares é cientista político, com pós-graduação em marketing eleitoral e formação em gestão de partidos políticos. Atua na análise do sistema político brasileiro, com ênfase em comunicação eleitoral, estrutura partidária e estratégias de campanha. Tem se dedicado à produção de conteúdo analítico sobre os desafios institucionais do país, o funcionamento do Congresso Nacional e o comportamento do eleitorado. Sua abordagem une rigor técnico, linguagem acessível e compromisso com o debate público qualificado.
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