O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, optou pelo silêncio quando questionado pelo jornalista Guilherme Amado sobre sua alegação de ter gravado secretamente uma reunião no Planalto em 2020 para evitar um crime contra Jair Bolsonaro. Ramagem afirmou que não confiava em uma das advogadas presentes na reunião, mas a justificativa foi considerada frágil pela cúpula bolsonarista.
“A coluna perguntou a Ramagem que outras providências o então chefe da Abin tomou ao receber o alerta de um possível crime no gabinete presidencial; se Ramagem notificou a PF, a Procuradoria-Geral da República, o Gabinete de Segurança Institucional e a própria Abin sobre o episódio; se Ramagem teve receio de uma nova proposta ilegal depois da reunião; e no que consistiria o alegado crime. Ramagem não respondeu”, relatou o jornalista.
O ex-diretor-geral da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem atribuiu a dois ex-assessores a responsabilidade pelo funcionamento da chamada “Abin paralela”, que teria monitorado ilegalmente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), políticos, jornalistas, opositores e críticos durante o governo Jair Bolsonaro. As declarações foram feitas à Polícia Federal (PF) na quarta-feira (17), no âmbito do inquérito sobre o suposto esquema de monitoramento ilegal realizado por agentes da Abin, conforme informou a coluna do jornalista Fausto Macedo.
“Ao tentar se esquivar de responsabilidade pela estrutura clandestina, Ramagem indicou os nomes do policial federal Marcelo Araújo Bormevet e do sargento do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues – ambos presos desde quinta-feira, 13, na Operação Última Milha”, destacou a reportagem. Durante o depoimento, Ramagem foi submetido a mais de 100 perguntas.
Um dos tópicos abordados foi o áudio divulgado na segunda-feira (15), no qual o deputado federal orienta a defesa do senador Flávio Bolsonaro sobre como questionar a conduta dos auditores fiscais que elaboraram o relatório de inteligência que colocou Flávio sob investigação por um suposto esquema de “rachadinha” em seu gabinete na época em que era deputado estadual.