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A repórter da Globonews repete pela décima segunda vez na semana a mesma pergunta: “O PIB surpreendeu, mas o crescimento é sustentável?”. E o velho mestre, da FGV, expele pela milésima vez a explicação que repete há décadas e décadas, desde que a Constituição consagrou direitos sociais inéditos, e décadas e décadas sem ser questionado:
- Não, porque as despesas vinculadas são muito pesadas e não abrem espaço para as despesas discricionárias do governo. Com isso, aumenta a relação dívida/PIB obrigando o governo a aumentar os juros. Além disso, o mercado de trabalho está aquecido, mas não temos mão de obra capacitada devido ao nosso sistema educacional.
Como melhorar a mão-de-obra? Investindo em educação. Mas o gasto com a educação é vinculado. Quando se propõe a desvinculação, obviamente, é para reduzir o gasto. Então como melhorar a educação reduzindo gastos com ela?
Vamos desdobrar esses bordões, para entender a lógica. E vamos aos grandes números para entender a tragédia brasileira, uma situação estratificada que só será resolvida no âmbito de uma grande crise futura, sabe-se lá quando.
As despesas vinculadas são as seguintes:
- Educação: 18% da receita líquida. Mais a vinculação do FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação).
- Saúde: 15% da receita líquida.
No ano passado, o governo gastou:
- R$ 835 bilhões com Previdência Social;
- R$ 200 bilhões com Seguridade Social, para financiar o Sistema Único de Saúde.
- R$ 115 bilhões para Benefícios de Prestação Continuada, incluindo o Auxílio Brasil.
Com Educação o governo federal gastou:
- R$ 55 bilhões com educação básica e
- R$ 70 bilhões para a educação superior,
- outros R$ 10 bilhões para expansão e manutenção da rede federal de educação técnica e R$ 15 bilhões para o Prouni (Universidade para Todos).
No mesmo período, 2023, o governo gastou R$ 654 bilhões com juros da dívida pública interna, ou 6,5% do Produto Interno Bruto.
Em 2023, a dívida pública sofreu um aumento de R$ 300 bilhões, passando de 58% para 60% do PIB.
Se o governo gastou R$ 654 bilhões com juros da dívida interna, e a dívida aumentou R$ 300 bilhões, saíram recursos de outros canais.
Com Concessões e Privatizações o governo arrecadou R$45 bilhões. Com as estatais (que o mercado quer ver privatizadas) recebeu R$65 bilhões de dividendos da Petrobras, R$ 20 bilhões do Banco do Brasil e R$24 bilhões de outras estatais. Outros R$34 bilhões foram provenientes de leilões do pré-sal e de direitos de mineração.
Os spreads bancários
Não fica por aí a maneira como a financeirização se apropria dos recursos nacionais.
No mesmo 2023, o valor médio do spread bancário foi de 15 a 20%, dependendo do crédito e do perfil do investidor. Em 2023 o volume total de crédito bancário foi de R$4,6 trilhões. Desse total, R$1,6 trilhão foi para pessoa física, ou R$320 bilhões em spread.
Na França, o spread médio para pessoa física é entre 2% e 4%. A diferença entre um spread de 4% e 20% é de R$256 bilhões. Ou seja, se os consumidores fossem franceses, haveria R$ 256 bilhões a mais de recursos nas mãos deles ou no mercado de consumo.
Já o crédito para Pessoa Jurídica foi de R$2,4 trilhões. O spread bancário foi de 15% a 18%. Fiquemos com 15%. Na França, o spread é entre 1% e 2%. Fiquemos com 2%, A diferença entre 15% e 2% de spread equivale à subtração de R$736 bilhões da atvidade produtiva.
Na outra ponta, o investimento privado no Brasil foi de R$370 bilhões em 2023. Desse total, R$80 bilhões foram de multinacionais. R$110 bilhões foram financiados pelo BNDES, portanto fora do circuito financeiro. Outros R$80 bilhões foram pela Caixa Econômica Federal.
Já os IPOs, glória da Faria Lima, não passaram de R$11 bilhões.
O volume de reaplicação de lucros, das empresas listadas na B3, foi de R$45 bilhões. Já seus custos financeiros foram de R$120 bilhões.
Na tabela abaixo, você tem po rascunho da derrocada da economia brasileira.
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