Por Eduardo Silva
No Brasil, onde as ideias absurdas brotam com igual facilidade, uma velha moda está de volta: a crítica à esquerda. Antes de prosseguir, um alerta ao leitor: não confunda isso com autocrítica honesta, análise política sensata ou qualquer avaliação que valha o esforço de uma sinapse. Trata-se de um espetáculo tão peculiar quanto o fruto que só dá em solo brasileiro.
A crítica à esquerda é, no fundo, um embuste raso, mas grandiloquente; uma falácia travestida de verdade inconveniente e carregada de ressentimento. É o que acontece quando alguém perde uma votação numa reunião do diretório acadêmico, emburra, faz muxoxo e decide fazer barulho do lado de fora. Em vez de debater, prefere lavar roupa suja em público, claro, com o megafone virado para o próprio umbigo. É o famoso “se não posso ganhar, vou atrapalhar quem ganhou”. Ou talvez seja apenas o clássico “fogo amigo”. De olho em algum cargo ou vantagem estratégica, o “esquerdista crítico” dispara contra seus aliados com a precisão de um sniper míope, justificando o ataque com malabarismos dignos de circo: “Estou puxando o governo mais para a esquerda”. Não, querido. Você só está puxando a brasa para sua sardinha – e queimando a bandeira no processo.
Como não existe almoço grátis, tem dinheiro por trás. De quem? Uma hora aparece, inevitavelmente.
Velha conhecida, essa malemolência política atinge seu auge na era digital. Hoje, os “esquerdistas críticos” se tornaram influenciadores de nicho. Vivem de “biscoitos” virtuais (aqueles likes com gosto amargo de engajamento) e disputam visualizações como atletas olímpicos. Na semana passada, assisti a um vídeo de um desses “críticos” liderando um jogral de megafones numa rua estreita de uma capital, berrando que Lula é “inimigo do povo e agente da CIA”, Haddad é “neoliberal entreguista” e o PT é “braço do imperialismo estadunidense”. Para completar o show, os cartazes pareciam memes reciclados de grupos de WhatsApp.
Mas a quem os nichados “críticos à esquerda” conseguem convencer? Certamente não aos lúcidos. Quem percebe a gravidade do momento entende que brigar com aliados é entregar munição gratuita ao adversário. No Brasil, onde a direita não é simplesmente conservadora, mas extrema, fascista e cheia de simpatizantes de suásticas e tiaras floridas da juventude hitlerista, trabalhar contra um governo que, ainda que imperfeito, representa um freio a esse caos é colaborar com a barbárie. Não é Lula quem nos empurra para a selvageria; foi ele quem nos tirou de lá.
Alguma dúvida?
O relatório da Polícia Federal sobre os planos golpistas de Bolsonaro e seus aliados militares parece um roteiro de filme de terror político. Está tudo documentado: detalhado, esquematizado e com a brutalidade explícita de quem não tem qualquer respeito pela vida humana. A estratégia começaria com assassinatos de alto escalão, incluindo Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Esses nomes seriam apenas os primeiros de uma longa lista de vítimas, incluindo militantes de esquerda em massa. Um festival de horrores que remete ao golpe empresarial-militar de 1964, mas com um toque ainda mais cruel.
E por que mais crueldade? Simples: o golpe bolsonarista era um plano sem apoio interno ou externo. Sem qualquer respaldo institucional ou diplomático, o método seria puro terror, pura matança. Para que a “nova ordem bolsonarista” florescesse, o país teria que passar por um banho de sangue, indiscriminado e generalizado. Até os “esquerdistas críticos” acabariam vítimas da repressão. Afinal, regimes autoritários não escolhem alvos com discernimento – apenas destroem.
Então, por que, mesmo cientes disso, os “críticos à esquerda” insistem em atacar Lula, Haddad e o PT? Seria pura ignorância política? Narcisismo ideológico? Uma tática revolucionária tão avançada que ninguém entende? A resposta permanece um mistério – e talvez nem eles próprios saibam explicar. Apesar disso, os “esquerdistas críticos” seguem firmes na disputa pelo Troféu “Ciro Gomes do Mês”. A competição é acirrada: vence quem gritar mais alto, atrair mais curtidas e, de quebra, sabotar qualquer possibilidade de diálogo com a realidade.
Enquanto a extrema direita dispara seu canhão de mentiras contra o coração do povo, a esquerda tropeça nos próprios cadarços. E, nesse tropeço, todos saem perdendo.
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