No lamentável artigo Um passo atrás para a impunidade, o jornalista Alex Solnik, do Brasil 247, se revolta contra a transparência jornalística! Isto mesmo, o homem que se diz jornalista e que escreve para um portal considerado “progressista”, dedicou seu tempo a protestar contra o trabalho por excelência de um jornalista: apresentar os fatos ao público.

A revolta de Solnik se deu após o jornal Folha de S.Paulo publicar um artigo escrito por Eduardo Serapião e Glenn Greenwald revelando irregularidades na conduta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Diz ele:

“Sem se constranger com a repercussão ou nula ou negativa de sua manchete de hoje cedo, a Folha insiste em tentar empurrar goela abaixo do leitor a ideia de que políticos da estirpe de Carla Zambelli seriam vítimas de Alexandre de Moraes e não conspiradores que, chefiados por Bolsonaro, tentaram subverter o resultado das urnas para por meio de um golpe de Estado ele permanecer no poder”.

Não há dúvidas de que a Folha de S.Paulo é um dos veículos de imprensa mais críticos do Brasil. Qualquer um é livre para criticar a Folha e questionar as suas intenções. A questão, no entanto, é outra.

Como jornalista, o que Solnik deveria se perguntar é: neste caso em específico, a Folha está defendendo algum crime contra o País? Neste caso, a Folha está apresentando fatos, como fez quando revelou a venda da Eletrobrás? A resposta para ambos casos é sim – e a prova disso é que Solnik é incapaz de acusar o artigo de ser mentiroso.

Qual seria o motivo, então, de tanta revolta? O motivo está implícito logo na primeira frase, quando Solnik fala de “repercussão ou nula ou negativa”. Fato é que, menos de 24 horas depois da publicação da reportagem, a extrema direita já havia coletado 100 assinaturas para o impeachment de Alexandre de Moraes. Para alguém dizer que a repercussão foi “nula” é porque não está vivendo no mundo real.

Nesse mundo paralelo de Solnik, Alexandre de Moraes é um grande herói da luta contra o fascismo. O porquê disso ninguém sabe, uma vez que o bolsonarismo não para de crescer e certamente será o grande vitorioso das eleições municipais. Essa ideia, no entanto, leva Solnik a negar mais uma realidade: “basta ler a supostamente bombástica reportagem do premiado jornalista Glenn Greenwald para jamais encontrar, em alguma linha, algum crime do ministro do STF, algum pedido para fabricar uma prova, alguma ilegalidade, alguma plantação de testemunhas, alguma cilada, e sim tão somente a troca de informações entre assessores do TSE e do STF”.

O que Solnik faz, ao dizer tal coisa, é assinar embaixo das ações de Alexandre de Moraes. O problema é que essas ações são, queira ele ou não, ilegais. E a prova disso está no fato de que os próprios assessores de Moraes admitiram, em seus diálogos, que precisavam modificar os seus protocolos para evitar colocar sua “imagem” sob risco. A prova está no fato de que o próprio Moraes, ao invés de solicitar os relatórios oficialmente, exigia tudo por baixo dos panos.

Solnik se revolta com o jornalismo investigativo porque está tão a reboque da direita que acaba abrindo mão dos princípios mais elementares. No final das contas, sua revolta é a defesa do regime de exceção implementado por figuras como Alexandre de Moraes, que atropelaram a Lei no Brasil e abriram o caminho para uma ditadura total sobre os direitos democráticos da população.

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Última Atualização: 15/08/2024