Durante a Cúpula dos Brics, realizada no Rio de Janeiro, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a protagonizar tensões diplomáticas ao ameaçar taxar em 10% os países que se associarem ou apoiarem o bloco. Em declarações veiculadas nas últimas horas, Trump classificou as ações do grupo como “antiamericanas” e sinalizou retaliações econômicas aos envolvidos.

A menção ao Brasil foi direta. O país, atual anfitrião da conferência, foi citado duas vezes por Trump em tom crítico. A retórica do ex-presidente norte-americano foi interpretada como um gesto de força — uma tentativa de intimidar a crescente influência dos Brics no cenário geopolítico global.

“Uma ameaça clara, uma ameaça a céu aberto”, destacou o apresentador do Observatório de Geopolítica, Pedro Costa Jr. “Trump, portanto, passa um certo cartão de recibo apontando diretamente contra essa conferência com o bastão americano, com o canhão, o porrete estadunidense.”

Enquanto a retórica americana sobe de tom, o Brasil tem optado por uma postura mais equilibrada. Reportagens do New York Times e do Washington Post ressaltam que o país preferiu adotar uma linha moderada, evitando provocações diretas aos Estados Unidos. O objetivo seria manter o foco na agenda técnica da cúpula, que inclui temas como inteligência artificial, mudança climática, saúde global e reforma das instituições internacionais como ONU, FMI e OMC.

Para Tatiana Teixeira, pesquisadora do INCT-INEU e editora-chefe do OPEU, a estratégia técnica tem sido bem aceita e mostra maturidade diplomática, tendo em vista que a cúpula evitou entrar em disputas geopolíticas mais sensíveis, justamente para não atrair ainda mais tensão com Washington.

A cobertura da imprensa internacional também evidencia fragilidades dentro do próprio bloco. Apesar da recente expansão do número de membros, alguns veículos apontam a falta de uma linha política única entre os países do Brics como um sinal de fragilidade.

A ausência de uma agenda mais coesa é vista como um entrave à consolidação do grupo como contraponto real à hegemonia ocidental. Mesmo assim, temas como desdolarização — ou ao menos a busca por maior independência em relação ao dólar — foram discutidos, o que incomoda o establishment norte-americano.

A estratégia do Brics aparece como ameaçadora à hegemonia do dólar”, explicou a pesquisadora. “Mas o bloco insiste em pregar cooperação, multilateralismo e equilíbrio, indo na contramão do isolacionismo de Trump.

No pano de fundo, a tensão entre o projeto unilateralista de Trump e o modelo multilateral proposto pelo Brics é cada vez mais evidente. Enquanto os Estados Unidos reforçam políticas protecionistas e ameaças tarifárias, o Brics avança com pautas pragmáticas e de cooperação internacional. “Sim, são duas coisas completamente opostas. O projeto do Trump vai no sentido inverso ao do Brics.”

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Last Update: 08/07/2025