A alta nos registros de casos de gastroenterite aguda no litoral paulista foi classificada como um surto pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP). Desde o fim do mês passado, os casos em que pacientes relatam sintomas como vômitos, náuseas, cólicas e diarreia, aumentaram significativamente nas unidades de saúde das cidades da Baixada Santista.
O destaque é para o Guarujá, no litoral sul. A prefeitura informou que em dezembro foram registrados 2.064 atendimentos para tratar a infecção, que acomete o estômago e os intestinos, contra 1.457 em novembro. Contudo, cidades do litoral norte também registraram o aumento de casos da doença nesta primeira semana de 2025. A prefeitura de Sorocaba, no interior do estado, também relatou alta de viroses.
A classificação de surto ocorre quando há um crescimento acima do esperado nos registros de casos de determinada doença, de acordo com aquele período e local. De maneira geral, no verão, são esperadas mais ocorrências de infecções gastrointestinais, uma vez que altas temperaturas e a superlotação das praias podem contribuir para a proliferação de vírus transmitidos pela água e também pela contaminação de alimentos.
O cenário atual, no entanto, é atípico. A Secretária Estadual de Saúde informou que acompanha a situação. Ontem (6), representantes da vigilância epidemiológica das nove cidades da Baixada Santista se reuniram com integrantes da pasta para discutir medidas de combate ao surto na região.
À Agência Brasil, a diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar da Secretaria, Alessandra Lucchesi, disse que ainda é preciso compilar e analisar alguns dados para entender a extensão e a causa do surto, que pode ser hídrica ou alimentar.
“Nesse contexto do litoral, a gente verifica tanto a qualidade da água do mar, tanto a água própria para consumo humano. Investigam-se quais foram as possíveis fontes de água que foram utilizadas, se foi a água do sistema de abastecimento público, se foi água de poço, se foi alguma outra água que foi adquirida. Todas essas questões ainda estão em processo de investigação”, explicou.
A secretaria e os municípios estão coletando amostras das fontes de água e também de fezes dos pacientes para análise. O material será encaminhado para o Instituto Adolfo Lutz. A pesquisa é feita tanto para vírus quanto bactérias e parasitas. “Se for alguma bactéria, a gente leva mais ou menos dez dias para conseguir ter esse resultado. Se for vírus ou parasita, o resultado sai muito mais rápido“, pontou Lucchesi.
A prefeitura do Guarujá chegou a sinalizar que a possível causa do problema seria o escoamento de esgoto clandestino nas águas da cidade. Mas, em nota divulgada no fim de semana, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) negou a situação, alegando que não identificou vazamentos ou ligações clandestinas na rede de esgoto.
A reportagem do GGN acompanha o caso e solicitou esclarecimentos à companhia de abastecimento de água, inclusive sobre a suspensão de programas de prevenção contra esgotos clandestinos.
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