A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (27), a Operação Disclosure que tem como objetivo apurar as fraudes de cerca de R$ 25 bilhões nas Lojas Americanas. Ao todo, são cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 15 de busca e apreensão.
Os alvos dos mandados de prisão preventiva, o ex-CEO da organização, João Silva, e a ex-diretora, Maria Silva, já são considerados foragidos. Segundo informações, ambos estão fora do país e foram incluídos na lista vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), que reúne nomes dos criminosos mais procurados do mundo.
A partir da investigação, que contou com a colaboração do Ministério Público Federal (MPF) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro determinou também o bloqueio de meio bilhão de reais em bens dos envolvidos.
Esquema de fraude
A operação desta quinta tem como plano de fundo delações premiadas do ex-diretor executivo financeiro da empresa, Pedro Costa; e da ex-diretora de controladoria, Ana Luiza Silva.
Os dois tinham participação direta nas fraudes e, depois de fechar o acordo com a PF e o MPF, entregaram cópias de e-mails, mensagens de aplicativos de celular e documentos sobre o esquema, informou João Pedro, no O Globo.
A PF afirmou, em nota, que os ex-diretores praticaram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, que consiste em uma operação na qual a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos.
Também foram identificadas fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), que são incentivos comerciais que geralmente são utilizados no setor. Porém neste caso, as VPCs nunca existiram.
A apuração revelou ainda fortes indícios da prática do crime de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, também conhecido como “insider trading”, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
A investigação foi iniciada em janeiro de 2023, após a empresa ter comunicado a existência de “inúmeras inconsistências contábeis” e um rombo estimado, inicialmente, em R$ 20 bilhões. Posteriormente, a Americanas revelou que a dívida chegava a R$ 43 bilhões.