O que se sabe sobre a confusão no Rio que levou à demissão de Washington Reis

O governador em exercício do Rio de Janeiro, Rodrigo Bacellar (União), exonerou nesta quinta-feira 3 o secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB). Eles são desafetos declarados.

A demissão ocorreu durante a viagem do governador Cláudio Castro (PL) a Portugal. Bacellar, presidente da Assembleia Legislativa, assumiu o governo na ausência do titular porque o vice Thiago Pampolha foi nomeado para o Tribunal de Contas fluminense.

Ao RJ2, da TV Globo, Bacellar chamou Reis de “insubordinado” e afirmou que Castro não sabia da demissão. “É natural que o governador me dê liberdade para atuar, e é com essa liberdade que eu tomei essa decisão única e exclusivamente deliberada, de minha responsabilidade.”

Reis, por sua vez, disse que a decisão de Bacellar não tem valor e que ouviu de Castro na quarta-feira 2 uma mensagem de tranquilidade sobre sua permanência no governo.

“Ele não foi eleito, ele não é governador. O governador está voltando na segunda-feira, tenho uma ótima relação com o governador”, declarou o emedebista. “Ele fez para aparecer. Se botasse uma melancia no pescoço, seria até mais plausível.”

A tensão entre os adversários escalou na última segunda-feira 30. A Alerj aprovou a convocação de Reis para depor a comissões da Casa, decisão contestada pelo deputado Rosenverg Reis (MDB), irmão do secretário. Na ocasião, houve um bate-boca. “Acabou o tempo de você achar que o seu irmão manda no estado do Rio”, disse Bacellar.

Essa disputa tem relação direta com as eleições de 2026. Bacellar é o candidato de Castro à sua sucessão, enquanto Reis — embora inelegível — tem outros planos e intensifica sua relação com o prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD).

Como detalhou reportagem da edição impressa de CartaCapital nesta semana, Washington Reis foi aliado de Lula nos primeiros dois governos do petista e virou amigo da família Bolsonaro desde que migrou para a extrema-direita em 2018. É um nome forte tanto para o Senado quanto para o governo estadual.

Reis esta inelegível, mas um despacho assinado em 23 de junho pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes reacendeu a esperança do secretário de reverter sua situação jurídica.

Ele busca derrubar uma condenação a 7 anos de prisão por crime ambiental e loteamento irregular quando era prefeito de Duque de Caxias. Um dos argumentos é que houve mudanças em normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente que embasaram a condenação e, por isso, o crime não mais se configuraria. É a tese conhecida como abolitio criminis.

placar no STF não é favorável a ele: o relator, Flávio Dino, votou por manter a pena, em manifestação acompanhada por Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. Há apenas um voto a favor de Reis, que partiu do ministro André Mendonça.

O julgamento foi interrompido por um pedido de vista de Gilmar em março. No despacho de junho, o decano ainda não proferiu seu voto, mas emitiu uma opinião sobre um possível acordo de não persecução penal que beneficiaria o secretário.

Nesses casos, o Ministério Público Federal entende que um acordo, geralmente envolvendo algum tipo de reparação financeira, seria suficiente para reprimir as irregularidades apontadas no decorrer da investigação.

Ou seja: na prática, a condenação contra Reis, que acarretou na perda de seus direitos políticos, poderia ser convertida em uma “reparação de dano ambiental”, conforme escreveu Gilmar, que endossou a tese de que o processo é “permeado por fortes controvérsias”.

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