Ponto de mineração no Brasil. Foto: Divulgação

A crescente tensão comercial entre Estados Unidos e China reacendeu o interesse por minerais estratégicos, e o Brasil passou a ocupar papel central nessa disputa. Detentor da segunda maior reserva mundial de terras raras, o país concentra 25% dos depósitos conhecidos e se tornou alvo de interesse direto do governo norte-americano, especialmente após o tarifaço imposto por Donald Trump a produtos brasileiros.

Na última quarta-feira (23), representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) se reuniram com Gabriel Escobar, encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil. Segundo o Ibram, Washington deseja firmar acordos para garantir o fornecimento desses elementos críticos, usados em tecnologia de ponta, indústria bélica e sistemas energéticos.

O governo brasileiro, porém, não recebeu bem o avanço. Durante cerimônia em Minas Gerais, o presidente Lula reagiu: “Aqui ninguém põe a mão”. As chamadas terras raras englobam 17 elementos químicos essenciais para itens como turbinas eólicas, carros elétricos, aviões de caça e equipamentos médicos.

Neodímio e praseodímio, usados na fabricação de ímãs permanentes, estão entre os mais valiosos: o quilo pode ultrapassar os R$ 5.000. Embora estejam presentes em pequenas quantidades nos produtos, esses materiais são considerados insubstituíveis.

Metais com pureza de 99% de praseodímio e neodímio, respectivamente. Foto: Divulgação

Apesar do nome, não são minerais escassos, mas sua extração em larga escala é economicamente viável em poucos lugares. Atualmente, a China domina 70% da produção global e praticamente todo o processo de refino, o que tem gerado preocupação entre potências ocidentais.

Países da União Europeia chegam a importar 100% de certos elementos diretamente da China, o que reforça a busca por alternativas confiáveis. Nesse cenário, o Brasil desponta como opção estratégica.

Além das reservas conhecidas, como a de Minaçu (GO) única fora da Ásia com produção comercial em argila iônica, há registros promissores em estados como Amazonas, Bahia e Minas Gerais. Estudos também identificaram potencial na Bacia do Parnaíba, que se estende por Maranhão, Piauí e Ceará.

Outro ponto de atenção é a Elevação do Rio Grande, uma imensa formação geológica submersa no Atlântico Sul, próxima ao litoral do Rio Grande do Sul. O Brasil tenta reconhecer a área, do tamanho da Espanha, como extensão de seu território junto à ONU. Pesquisas da USP indicam que o solo da ERG contém terras raras em alta concentração e perfil semelhante ao do interior paulista.

Especialistas apontam que o Brasil possui não apenas os minerais, mas também vantagens estratégicas para a cadeia produtiva: matriz energética limpa, estabilidade geopolítica, tradição mineradora e capacidade técnica instalada. Isso o torna um parceiro atrativo tanto para os EUA quanto para a União Europeia, em um momento de transição energética global.

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Last Update: 25/07/2025