Delegações da Ucrânia e da Rússia realizam, nesta quinta-feira 15, na Turquia, as primeiras conversas diretas sobre a possibilidade de encerrar a guerra, que teve início com a invasão russa ao país vizinho e se arrasta há mais de três anos.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou que participará das negociações em Istambul e desafiou o presidente russo, Vladimir Putin, a comparecer ao encontro.

O líder russo havia proposto as negociações diretas no último domingo, horas após Kiev e países europeus terem enviado um ultimato para que a Rússia aceite um cessar-fogo de 30 dias ou enfrente uma nova rodada de sanções.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva , que viajou a Moscou para assistir a uma parada militar pelos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, exortou Putin a se engajar diretamente no diálogo com a Ucrânia.

O Kremlin, no entanto, divulgou uma lista de participantes que não inclui Putin. Em vez disso, a delegação será liderada pelo ex-ministro da cultura Vladimir Medinsky, conhecido pela posição linha-dura em relação ao conflito.

Apesar do apelo do presidente dos EUA, Donald Trump, pelo fim da guerra, as demandas de Moscou e Kiev ainda parecem estar muito distantes.

O que quer a Rússia?

Como condição para suspender a campanha militar, a Rússia exige manter o controle das áreas que ocupa no sul e no leste da Ucrânia, além de demandar ainda mais territórios.

Em 2022, Moscou anexou quatro regiões – Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson -, embora não as domine inteiramente. A Rússia também já controlava a península da Crimeia desde 2014.

No ano passado, Putin estabeleceu a retirada de todas as tropas ucranianas dessas regiões como um dos pré-requisitos para qualquer acordo de paz. O ministro do Exterior russo, Sergey Lavrov, disse que o reconhecimento da soberania da Rússia sobre esses territórios pela Ucrânia seria “imperativo” para as negociações.

Kiev mantém a narrativa oficial de que nunca fará esse tipo de concessão, mas Zelensky já indicou que poderia ter que retomar o controle das regiões pela via diplomática – o que, na prática, sugere abertura à possibilidade de ceder territórios para alcançar um cessar-fogo definitivo.

A Rússia também demanda garantias de que a Ucrânia não entre na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Ao mesmo tempo, reivindica que Zelensky seja removido da presidência do país vizinho.

Moscou planejava derrubar Zelensky no começo da guerra em 2022, quando Putin instou os generais ucranianos a promover um golpe de Estado e abrir negociações com o Kremlin. Em março, Putin levantou a ideia de impor um “governo temporário” apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A Rússia também já falou em limitar o tamanho do exército ucraniano, declarar o país como um Estado neutro e restringir o fornecimento de armas dos aliados ocidentais de Kiev.

O que quer a Ucrânia?

Há meses, Zelensky pede “garantias de segurança” para evitar que a Rússia volte a invadir a Ucrânia no futuro. A exigência prioritária, porém, é a entrada na Otan, ou pelo menos algum tipo de proteção assegurada pelo Artigo 5 da aliança.

A possibilidade é minimizada por Trump, que considera “inaceitável” a filiação ucraniana à organização. Como alternativa, Kiev pressiona alguma outra forma de comprometimento militar ocidental que dissuadisse Moscou.

Reino Unido e França lideram as discussões sobre um possível envio de tropas europeias para impor um cessar-fogo, entre um grupo de países apelidado de “coalizão dos dispostos”. Mas Zelensky ainda quer que Washington apoie qualquer “garantia de segurança”.

Moscou afirmou que não aceitaria o envio de tropas de países da Otan para a Ucrânia em nenhuma circunstância.

O presidente ucraniano almeja ainda um cessar-fogo imediato, integral e incondicional que impeça combates em ar, mar e terra. Ele aceitou uma proposta americana nessa linha, mas a oferta foi rejeitada por Putin.

A Rússia, por sua vez, determinou duas tréguas de curto prazo – uma na Páscoa e outra durante as comemorações de 9 de maio pela vitória russa na Segunda Guerra. Os ataques aéreos, de fato, diminuíram nesses períodos, mas a Ucrânia disse que houve violações.

(AFP, Reuters)

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Last Update: 15/05/2025