O senador Hamilton Mourão (Republicanos) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que, antes do depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito do golpe, conversou por telefone com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre saúde e “coisas genéricas de companheiros de longas datas”, conforme informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

De acordo com o general, Bolsonaro ligou, na semana passada, apenas para confirmar a data e o horário de seu depoimento ao STF. “Isso acabou gerando um mal-entendido, então eu quero deixar esclarecido que a conversa foi pura e simplesmente em relação ao momento em que eu deveria depor. Apenas isso”, disse o militar.

“Na ocasião, o presidente conversou comigo sobre o estado de saúde dele e coisas genéricas. [Foi uma conversa] entre dois amigos, dois companheiros de longa data.”

Os advogados de Bolsonaro dizem que Mourão é testemunha de defesa do ex-presidente, e por isso o convite para o depoimento deveria partir do próprio investigado. Como Mourão é senador, Bolsonaro entrou em contato diretamente com ele.

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Jair Bolsonaro com telefone: ex-presidente ligou para Mourão antes de o general da reserva ser ouvido em uma sessão conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes. Foto: Reprodução

A ligação

A ligação feita por Bolsonaro para Mourão foi revelada pelo colunista Igor Gadelha, do Metrópoles. Segundo a publicação, o ex-presidente queria combinar detalhes do depoimento do senador ao ministro Alexandre de Moraes, no STF.

A oitiva de Mourão foi realizada na última sexta-feira (23). Além de ter sido arrolado por Bolsonaro, o senador também foi indicado como testemunha de defesa pelos generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto, todos réus no mesmo inquérito que apura a tentativa de golpe.

Prisão?

A ligação de Bolsonaro para Mourão pode agravar a situação do ex-presidente e até levá-lo à prisão.

Na avaliação de juristas, ministros de tribunais superiores e magistrados federais, o contato entre Bolsonaro e Mourão compromete a credibilidade do depoimento do senador, já que pode indicar tentativa de orientação, manipulação ou até coação de uma testemunha.

O ato de ligar para uma testemunha de defesa com o objetivo de influenciar o conteúdo do depoimento pode ser interpretado como tentativa de obstrução de Justiça, de acordo com especialistas. Caso fique comprovado que Bolsonaro tentou interferir na fala de Mourão, a medida pode ser considerada criminosa.

Além disso, se for demonstrado que o senador mentiu à Corte, ele também pode ser responsabilizado por perjúrio, crime conhecido como falso testemunho.

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Last Update: 29/05/2025