Para garantir salário, emprego, transporte, saúde e educação
Derrotar os bilionários capitalistas
É fundamental um programa, desde as cidades, de enfrentamento com os bilionários capitalistas, embora saibamos que os problemas das cidades só serão resolvidos como parte de uma mudança mais estrutural do país.
É preciso enfrentar as máfias dos transportes, tirando-os das mãos das empresas privadas e devolvendo-os ao povo, reestatizando-os, sob controle dos trabalhadores, e, assim, garantindo tarifa zero e melhor qualidade.
Também temos que acabar com a privatização da Saúde e da Educação, destinando massivas verbas às áreas sociais. Construir um plano de obras públicas, a partir de uma empresa estatal, para construção de moradia popular, obras de infraestrutura e, antes disso, confiscar os imóveis vazios e sem função social que estão nas mãos da especulação imobiliária.
É preciso, ainda, ter uma política para acabar com o Arcabouço Fiscal, que rege o país e acaba se desdobrando nos estados e nas cidades. Esta é a principal forma pela qual os bilionários capitalistas sequestram o orçamento e inviabilizam os serviços públicos, junto com as isenções fiscais e as privatizações.
Tirar o poder e dinheiro dos bilionários capitalistas
Tudo isso está diretamente conectado à necessidade de enfrentar e derrotar o poder dos bilionários que controlam a economia, os governos das três esferas e seus legislativos. Eles não vão aceitar atender aos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras de bom grado. Sabemos disso. Por isso, é preciso se contrapor à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e às políticas econômicas federal e estaduais.
E, embora seja uma medida importante, não adianta apenas sobretaxar os bilionários e os monopólios capitalistas, que exploram os trabalhadores, pagando baixos salários; loteiam nossas cidades; extraem os recursos naturais e se enchem de dinheiro, enquanto o povo sofre.
Eles têm mecanismos para comprar a Câmara de Vereadores e burlar qualquer medida. Logo, é preciso lutar para tirar o poder e dinheiro dessa gente.
E o único meio de fazer isso é expropriando as maiores empresas que controlam as cidades, a começar pelos transportes, mas podendo se estender para construção civil, e impedir que a Saúde e a Educação sigam sendo privatizadas através das Organizações Sociais) (OS’s) e das Parcerias Público-Privadas (PPP’s). Nas escolas ainda vemos o avanço da militarização, com a polícia reproduzindo dentro do ambiente escolar o que já faz nas ruas das periferias.
Lula X Bolsonaro
Duas formas diferentes de gerir o mesmo capitalismo
Apesar da eleição ser municipal, a polarização entre Lula e Bolsonaro segue forte. A extrema direita bolsonarista mente ao dizer que o problema do governo de Lula e do PT é que eles seriam socialistas, fazendo um governo contra os capitalistas.
Dizem isso para esconder que o sistema capitalista, que tanto defendem, é o responsável pela desigualdade social e a miséria. Ao mesmo tempo em que sustentam um projeto abertamente capitalista, ultraneoliberal, de privatização, enxugamento dos gastos públicos e ataques abertos e violentos contra os trabalhadores e setores oprimidos, com um projeto de ditadura e autoritarismo.
O PT e Lula não têm nada de socialistas. O problema de seu governo é justamente o oposto. Lula faz um discurso dizendo que é possível governar para os trabalhadores, colocando o “rico no imposto” e o “pobre no orçamento”; mas, na prática, faz o inverso. Faz tudo que os capitalistas querem.
Mantêm os impostos nas costas dos trabalhadores e da classe média; enquanto os bilionários capitalistas ganham isenções fiscais, todo tipo de benefícios e benesses do governo. Fazem tudo que o mercado quer, seguindo as estritas regras da LRF, contando com o apoio dos governos dos países imperialistas e suas multinacionais.
Rio de Janeiro, São Paulo e São Luís
Três maneiras como o PT ajuda a direita
Em várias cidades, setores que compõem o governo Lula apoiam os mesmos candidatos do bolsonarismo, como no caso de Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo. Lastimável que o Governo Federal dê guarida e ministérios a esse tipo de gente, como o presidente da Câmara Arthur Lira (Progressista/AL). Mas, também, o que dizer da direção do partido que, em São Paulo, foi buscar sua vice dentro do próprio governo Nunes, com apoio entusiasta de Boulos (PSOL)?
Ainda em São Paulo, ao mesmo tempo, há um bolsonarista radical, sem apoio oficial de Bolsonaro, como Pablo Marçal (PRTB), que cumpre o papel de cachorro louco do bolsonarismo para fazer o que Nunes não pode ou não é capaz de fazer. Nunes é a mistura da velha direita com o bolsonarismo, representando a junção do que há de pior no capitalismo brasileiro. Marçal, que diz ser contra o sistema, é a cara mais podre do sistema capitalista, com pitadas de charlatanismo.
São Paulo e Minas Gerais: mais do mesmo na defesa do capitalismo
Já a postura de Boulos, de se mostrar cada vez mais amigo da Faria Lima (a avenida de São Paulo, símbolo do poder capitalista), e dos grandes empresários, como um perfeito gestor do capitalismo com consciência social, mostra bem o projeto do PT e do PSOL de governar com os capitalistas nos estreitos limites da ordem imposta pelo sistema.
Assim, estão abrindo mão de pautas históricas, defendendo a iniciativa privada e trazendo um comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) para sua política de Segurança. A campanha de Boulos não pode se cacifar bem nos debates, menos pelo papel esdrúxulo e nojento de Marçal e, mais ainda, pelo programa fraco com mais do mesmo em defesa do capitalismo.
Em Belo Horizonte (MG), a disputa se dá entre dois tons de bolsonarismo. Mauro Tramonte (Republicanos), apoiado por Zema (Novo), e Bruno Engler (PL), apoiado por Bolsonaro. Mas a candidatura do PT, de Rogerio Correa, repete o mesmo erro de ter um programa de administração do capitalismo, que não enfrenta de verdade a direita, nem resolve a vida do povo e ainda coloca em sua campanha setores explícitos dos bilionários capitalistas.
Diante de tudo isso, o PT diz que merece o apoio dos trabalhadores, porque é importante derrotar o bolsonarismo. Sem dúvida nenhuma precisamos enterrar de uma vez por todas o bolsonarismo e toda a direita. O problema é que, em nome de lutar contra a extrema direita bolsonarista, o PT vem governando junto com a direita.
Para derrotar o neoliberalismo privatista de Bolsonaro, o PT opta, mais uma vez, por implementar o neoliberalismo, eles mesmos, só que com mais participação do Estado capitalista, em ajuda aos negócios privados capitalistas.
O PT coligado com o bolsonarismo em 85 cidades
Como expressão dessa política de alianças, o PT está coligado com o PL de Bolsonaro em 85 cidades. Dentre elas, uma capital: São Luís (MA). Em várias outras cidades importantes, o PT apoia uma candidatura da direita tradicional com a presença de bolsonaristas como, por exemplo, no Rio de Janeiro, onde a frente eleitoral encabeçada pelo playboy neoliberal Eduardo Paes (PSD) engloba do PT até setores do bolsonarismo. como Otoni de Paula (MDB). Esses setores seriam os “fascistas antifascistas”?
O que faz a direção do PT não é o caminho para derrotar a extrema direita. Pelo contrário, vemos como o partido serve à direita nesta eleição de três maneiras diferentes. Aliando-se ao PL bolsonarista em São Luís; apoiando um candidato de direita tradicional, em uma frente com setores bolsonaristas, como no Rio de Janeiro; e, mesmo no caso de candidatura com cara própria, seguem aliados a setores dos bilionários capitalistas e defendendo um programa capitalista, como em São Paulo.
Por isso, seria muito importante que muitos trabalhadores e jovens que querem enfrentar a direita e os capitalistas e estão decepcionados, mas ainda seguem nesse partido, viessem conosco dar uma batalha pela defesa da independência de classe dos trabalhadores e pelo socialismo.
Apoie as candidaturas revolucionárias e socialistas do PSTU
Para lutar contra a ultradireita de modo a vencê-la, de verdade, é preciso ter uma candidatura que, ao mesmo tempo, seja de oposição de esquerda e socialista ao governo Lula e que enfrente a oposição de direita bolsonarista. Que tenha um programa para resolver realmente os problemas imediatos dos trabalhadores, que esteja conectada e a serviço de tirar o poder e dinheiro dos bilionários capitalistas, enfrentando o Arcabouço Fiscal e o sistema capitalista.
Temos que disputar os trabalhadores para não darem nenhum voto nos candidatos bolsonaristas e de direita. Mas é preciso dizer que votar nas candidaturas apoiadas pelo governo Lula e sua Frente Ampla, neste 1º turno, não é uma alternativa para os trabalhadores. E, também, não detém o avanço da extrema direita, pois o próprio governo petista não enfrenta as causas estruturais capitalistas que permitem o crescimento do bolsonarismo.
Um voto pela independência e organização da classe trabalhadora
Isso atrela a classe trabalhadora à burguesia, a desorganiza e desmobiliza, sendo os trabalhadores os únicos que, com consciência de classe, unidos e mobilizados, poderão efetivamente mudar o país e acabar de vez com a extrema direita.
Esperar que a extrema direita suma do mapa com a eleição do PT e afirmar que só depois disso seria possível criticar o PT é uma utopia que aprisionará os trabalhadores em uma situação em que ficarão massacrados entre os dois diferentes blocos burgueses, enquanto veem seus direitos e nível de vida diminuírem, assim como levará à desmoralização, à adaptação e à desorganização de grande parte do ativismo e dos movimentos dos trabalhadores.
Apoiar as candidaturas do PSTU é fortalecer um programa revolucionário e socialista, que é o único capaz de enfrentar a extrema direita de verdade, superando também os limites capitalistas nos quais o PT aprisiona a esquerda brasileira. Fortalecer o PSTU é ajudar a independência política dos trabalhadores, para que não embarquem na canoa furada de apoiar algum bloco político com os bilionários capitalistas.