“Leite debocha do povo do Rio Grande do Sul ao usar verba destinada à reconstrução do estado para autopromoção”. A frase é do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) e resume a indignação que motivou a ação protocolada por ele no Ministério Público Federal contra o governador do estado, Eduardo Leite (PSD). Segundo o parlamentar, Leite usou dinheiro público para se promover em um documentário que deveria homenagear os gaúchos e registrar o esforço coletivo diante da tragédia climática de 2024.

O alvo da denúncia é o filme “Todos Nós por Todos Nós”, lançado oficialmente pelo governo do Rio Grande do Sul para marcar um ano das enchentes que devastaram o estado. O governo diz que a produção, feita pela equipe da Secretaria de Comunicação, é um “registro histórico” e uma “prestação de contas à população”. Mas o que se vê é propaganda pessoal disfarçada de conteúdo institucional.

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Acinte

Segundo Paulo Pimenta, o vídeo tem 42 minutos de duração, dos quais 9 são inteiramente focados em Eduardo Leite, mais de 20% do tempo total. “O filme produzido para retratá-lo como herói da reconstrução do RS é um acinte e fere os princípios da impessoalidade e da legalidade”, declarou o deputado em postagem nas redes sociais. “Estamos tomando todas as medidas cabíveis para que ele seja responsabilizado”.

Além da ação de Pimenta no MPF, a bancada do PT na Assembleia Legislativa do RS também acionou o procurador-geral de Justiça do Estado. 

Em entrevista ao Jornal do PT, o deputado estadual Miguel Rossetto classificou o documentário como “peça de promoção pessoal” de Leite, que já se declarou pré-candidato à Presidência da República. “O que se vê nitidamente é uma publicidade cujo objetivo é promover nacionalmente a imagem do governador com vistas a 2026”, afirmou, antes de restabelecer a verdade sobre quem liderou o enfrentamento à tragédia. “O presidente Lula desde o início esteve presente, juntou todo o seu governo, constituiu um ministério extraordinário para dedicação direta aqui no estado […] O presidente Lula que governou de fato”.

Rossetto quer que a veiculação do documentário seja suspensa e que o secretário de Comunicação do estado preste esclarecimentos sobre o uso dos recursos públicos. Ele e outros deputados apontam ainda possível ato de improbidade administrativa, uma vez que a produção e exibição do filme teriam sido pagas com verbas que deveriam ser destinadas à reconstrução.

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Trailer nos cinemas

A polêmica cresceu após a exibição de um trailer do documentário nas salas de cinema do Rio Grande do Sul, também trazendo Eduardo Leite em destaque. Pimenta ironizou: “Imagina se eu, como ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, tivesse produzido um documentário comigo e com Lula sobre nossas ações no Rio Grande do Sul? O que Leite fez é um escândalo”.

Em nota, o governo estadual diz que não usou verbas da reconstrução na produção do vídeo. Segundo a Secretaria de Comunicação, os R$ 28 milhões citados por Pimenta se referem a uma campanha de retomada do turismo no estado e não ao documentário. A pasta afirma que todos os recursos usados na produção vieram do orçamento da Secom e que o trabalho foi feito por servidores públicos do próprio departamento de jornalismo.

Apesar da justificativa, a bancada do PT sustenta que o material tem claro viés eleitoral. “O documentário se chama Todos Nós por Todos Nós. Esta foi exatamente a ideia usada pelo então candidato Eduardo Leite na sua eleição aqui no estado”, afirmou Rossetto. “Além de ser vergonhoso e imoral, é grave do ponto de vista da impropriedade administrativa, da utilização de dinheiro público para a promoção e antecipação de campanha”. 

Para o Partido dos Trabalhadores, o uso da máquina pública para promover um projeto pessoal é inaceitável, especialmente em um momento tão delicado para o Rio Grande do Sul, ainda se reerguendo dos prejuízos da tragédia.

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Da Redação

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Last Update: 15/05/2025