Em 27 de junho de 2007, o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, foi palco de uma operação policial intensa envolvendo a Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e as Forças Armadas. O objetivo declarado era desmantelar o tráfico de drogas na região. No entanto, a operação resultou na morte de 19 pessoas, muitas delas sem ligação comprovada com o tráfico.
A operação foi marcada por violência extrema. Relatos e investigações posteriores revelaram que muitas mortes foram execuções sumárias. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República denunciaram que, entre os mortos, pelo menos 11 eram civis, alheios ao conflito entre traficantes e a polícia. As forças de segurança entraram com truculência, utilizando fuzis, metralhadoras e veículos blindados.
Essa “operação” no Complexo do Alemão é um exemplo claro da repressão estatal contra a classe operária. Trata-se de uma política de “limpeza social” visando os Jogos Pan-Americanos de 2007, que ocorreram no Rio de Janeiro entre 13 e 29 de julho. Com o evento internacional se aproximando, houve um esforço deliberado para “limpar” a cidade de elementos considerados indesejáveis, uma prática que envolveu a remoção forçada e violenta do povo pobre.
Os Jogos Pan-Americanos de 2007 contaram com a participação de 42 países, incluindo os Estados Unidos, e um orçamento de dois bilhões de dólares. Dessa forma, torna-se evidente que o aparato de repressão do Estado entrou em funcionamento para reprimir a população para não “enfeiar” o evento diante dos estrangeiros.
As vítimas do massacre eram, em sua maioria, jovens moradores do complexo, pegos no fogo cruzado ou executados sumariamente. Entre elas, Josenildo Alves da Silva, de 24 anos, estava a caminho do trabalho quando foi atingido. Anderson Carlos Chaves da Silva, de 16 anos, foi baleado enquanto brincava na rua.
A operação não conseguiu eliminar o tráfico de drogas, que continua a prosperar no Complexo do Alemão e em outras favelas pelo Rio de Janeiro, São Paulo e os demais estados. Em vez disso, serviu para aterrorizar a população.