O presidente dos Estados Unidos Donald Trump cortou o envio de US$ 400 milhões em verbas para a Universidade Columbia após acusar a instituição de “inação em face ao persistente assédio aos estudantes judeus”, por conta das sucessivas manifestações contra o genocídio na região da Faixa de Gaza.

O corte desses recursos encerraria centenas de pesquisas em andamento, e a universidade privada se viu obrigada a cumprir muitas das exigências feitas pelo governo norte-americano, como banir o uso de máscaras em protestos, contratar 36 agentes de segurança que terão a capacidade de prender estudantes, e nomear um novo vice-reitor sênior para supervisionar o departamento de Estudos do Oriente Médio, Sul da Ásia e África.

Segundo a NBC News, as concessões de uma das universidades mais antigas e prestigiosas do país “representam uma mudança sem precedentes na forma como o governo federal exerce influência nos assuntos das instituições de ensino superior nos EUA”.

Contudo, reportagem do site The New York Times indica que o assédio contra a instituição pode ser a vingança do Trump pelo fracasso na venda de terrenos em Nova York para a universidade há 25 anos.

A instituição estava em busca de terrenos para ampliar suas instalações e abrir mais cientistas e núcleos de pesquisa. No final dos anos 90, o então empreendedor imobiliário ofereceu à instituição uma propriedade conhecida como Riverside South (antes de ser renomeada como Trump Place), parte de um terreno de propriedade dele desde o começo dos anos 70.

Trump não tinha conseguido desenvolver o local e chegou a acumular mais de US$ 800 milhões em dívidas. Em 1994, dois investidores de Hong Kong concordaram em financiar a visão do norte-americano em arranha-céus residenciais, mas Trump também tentou resolver as negociações da extremidade sul.

Ele chegou a conseguir compradores, entre eles a emissora CBS, que recusou o negócio e continuou em seus estúdios. Columbia foi uma nova opção, tendo em vista o interesse da instituição de ensino em ampliar suas instalações.

As conversas duraram mais de um ano, mas Donald Trump sempre mudava suas exigências. Vários preços foram lançados, entre eles US$ 400 milhões. O empresário chegou a afirmar que o negócio seria tão bom que Columbia “deveria renomear sua escola de negócios para Donald J. Trump School of Business”, um pedido que foi recusado uma vez que os nomes são feitos a doadores.

Em uma das reuniões para discutir a transação, curadores e administradores da universidade apresentaram um relatório preparado em seu nome por uma equipe imobiliária do Goldman Sachs, que compareceu a todas as reuniões entre funcionários da Columbia e representantes da Trump Organization.

O banco de investimento estimou um valor de US$ 65 milhões a US$ 90 milhões para o terreno e, ao saber que Columbia estaria disposta a pagar o máximo da faixa, um furioso Trump deixou a reunião cinco minutos após seu início. A ideia de expansão não foi abandonada, e Columbia acabou por direcionar seus planos de expansão para a região do Harlem. Trump nunca superou a recusa.

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Last Update: 23/03/2025