Em relatórios oficiais da Divisão de Estudos e Pareceres do Ministério da Justiça e da Polícia Federal, o Movimento de Resistência Islâmico (Hamas) é apresentado como uma organização criminosa. A classificação revela um alinhamento total com os verdadeiros criminosos, que vivem em Telavive e comandam o mais brutal genocídio de nossos temos, e se choca com o próprio entendimento do governo brasileiro, que adota o entendimento da Organização das Nações Unidas (ONU), para quem o Hamas não é um grupo criminosa.
Mas o que já é ruim fica ainda pior. O termo “organização criminosa” aparece justamente no caso do palestino Muslim Abuumar, de 38 anos, impedido de ingressar no Brasil devido a um acordo da Polícia Federal com o Federal Bureau of Intelligence (FBI). Isto é, o Ministério da Justiça atropelou a Lei brasileira e o governo brasileiro para tentar fazer valer os interesses explícitos do governo de outro país, o criminoso Estados Unidos da América, que apoia e financia o genocídio na Faixa de Gaza.
Em nota ao Diário Causa Operária (DCO), o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que “a análise sobre o caso aconteceu a partir de procedimento que correu sob sigilo na Polícia Federal” e por essa razão não comenta o caso. Não é necessário comentário algum: se o Ministério assumiu um entendimento distinto daquele do governo federal, é porque não está subordinado a ele. É porque esse Ministério está dominado por forças alienígenas ao governo – e, neste caso, ao próprio País. O Ministério da Justiça, na medida em que não foi a público contestar os pareceres, assumiu que está mais alinhado com o Estado de “Israel” que com o governo brasileiro.
A declaração da Polícia Federal também é bastante esclarecedora. Segundo a instituição, a legislação antiterrorista brasileira não exigiria a classificação prévia de grupos como terroristas para que sejam enquadrados como tal. Bastaria que um grupo pratique atos de violência ou ameaças com motivação “xenofóbica, racista ou de intolerância religiosa”, com o objetivo de “causar pânico social”, para que seja considerado organização criminosa.
O que a Polícia Federal, tão ágil para classificar o Hamas como criminosa, esqueceu de dizer é que a instituição não fez nenhuma investigação na Palestina ocupada para determinar o que o Hamas fez ou deixou de fazer. Quando a Polícia Federal diz que o Hamas praticou atos de violência, é porque está tão-somente reproduzindo aquilo que foi veiculado como propaganda oficial do Estado de “Israel” e do imperialismo norte-americano.
Não custa lembrar que tanto o Ministério da Justiça, quanto a Polícia Federal desempenharam um papel decisivo no golpe de Estado de 2016. Neste momento de aumento da polarização política, a interferência de forças estrangeiras sobre ambas as instituições é um mau sinal.