
Diante da possibilidade de um ataque direto dos Estados Unidos, o governo iraniano ameaçou fechar o estratégico Estreito de Ormuz, passagem crucial para cerca de 20% do petróleo mundial. A medida seria uma resposta ao eventual envolvimento estadunidense no conflito entre Israel e Irã, após o presidente Donald Trump anunciar que decidirá sobre a intervenção nas próximas duas semanas.
O Estreito de Ormuz, localizado entre Omã e o Irã, é considerado a principal artéria do comércio global de petróleo, com um fluxo diário que varia entre 17,8 e 20,8 milhões de barris. A região é protegida pela 5ª Frota da Marinha dos Estados Unidos, sediada no Bahrein, e seu eventual bloqueio poderia desencadear uma crise energética global.
As tensões já impactaram os mercados: o preço do barril de petróleo Brent subiu 13,5% desde o início das hostilidades, saltando de US$ 69,36 para US$ 78,74.
Analistas do JPMorgan alertam que um fechamento do estreito poderia elevar os preços para a faixa de US$ 120 a US$ 130 por barril, repetindo o cenário de volatilidade visto durante a invasão russa à Ucrânia em 2022.

“O bloqueio do Estreito de Ormuz seria uma medida extrema, mas não podemos descartar essa possibilidade se os EUA decidirem atacar nossas instalações nucleares”, afirmou um alto funcionário iraniano sob condição de anonimato. O Irã já havia feito ameaças semelhantes em 2019, quando Trump abandonou o acordo nuclear, mas nunca as colocou em prática.
A importância estratégica da passagem é inquestionável: com apenas 33 km em seu ponto mais estreito, o estreito é vital para exportadores da OPEP como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e o próprio Irã.
O Catar, maior exportador mundial de gás natural liquefeito, também depende quase que exclusivamente da rota para escoar sua produção.
Enquanto isso, países do Golfo buscam alternativas para reduzir sua dependência do Estreito de Ormuz. Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos já utilizam oleodutos que contornam a passagem, com capacidade ociosa estimada em 2,6 milhões de barris por dia, segundo dados da Administração de Informação de Energia dos EUA.