Quando escrevíamos esta matéria, o governo sionista de “Israel” lançava dezenas de ataques aéreos no sul do Líbano, matando pelo menos três pessoas e ferindo outras oito, sendo que uma das mortes foi de mais uma criança. Em relação ao acontecido, o partido nacionalista, Hesbolá, acusa “Israel” de criar um pretexto para renovar seus ataques aéreos e reitera seu compromisso com o acordo de cessar-fogo assinado em novembro.

Em relação aos acontecimentos no Sul do Líbano, o Jornal da Causa Operária (JCO), já no ano de 1982, denunciava a política genocida dos sionistas de “Israel” na sua edição de número 25 que, além de ter como uma das suas manchetes a rendição das tropas argentinas nas Ilhas Malvinas, noticia também o Massacre no Líbano, cujo o título era “Parar o genocídio do povo palestino“. Abaixo, transcrevemos, na íntegra, os acontecimentos naquela região cujo o objetivo principal dos sionista era, já naquele período, de realizar uma limpeza étnica no Líbano.

PARAR O GENOCÍDIO DO POVO PALESTINO

Mais de 30 mil mortos e 80 mil feridos forma o saldo do massacre desatado por Israel no Líbano, segundo uma denúncia da OLP de 16 de junho passado. Mas de um quarto do território libanês ocupado, as cidades de Tiro, Sidon e Damour arrasadas e centenas de milhares de refugiados atacados e perseguidos como moscas, mostram a dimensão do ataque sionista e suas proporções genocidas contra os 600.000 palestinos residentes no Líbano. O imperialismo que tão prontamente se uniu no caso das Malvinas “em defesa da democracia e contra a agressão” (sic) tomando medidas sem precedentes contra a Argentina, estimulou e tolerou toda a operação genocida no Oriente Médio. Não há nada mais cínico do que um “democrata” imperialista! 

Segundo informações das próprias cadeias de rádio americanas, as ordens dadas ás tropas israelense são para acabar com qualquer elemento humano ou material palestino: o Estado sionista alimentado e sustentado pelo imperialismo – sem cujo apoio desintegrar-se-ia – repete a barbárie perpetrada pelo nazismo contra o povo judeu. O objetivo é liquidar as massas palestinas e a explicação é simples: trata-se de uma reação à mobilização sem precedentes realizada no último período pelas massas palestinas. 

Foi em março passado que os palestinos da Cisjordânia e Gaza protagonizaram a mais importante mobilização desde a ocupação destes territórios por Israel, em 1967. Seu motivo imediato foi a destituição, pelas autoridades sionistas, de dois prefeitos eleitos pela população. As manifestações de protesto estenderam-se por todo o território ocupado e desembocaram em uma massiva greve geral. Esta também afetou o território israelense: nenhum dos mais de 100 mil palestinos da Cisjordânia trabalham em Israel, trabalharam. Em 30 de março – celebração árabe do dia da terra – 80% dos habitantes árabes de Israel aderiram à greve. “Foi a primeira vez que tal movimento foi decidido para o dia da terra (em Israel)” (“Le Monde”, 1/4). 

A repressão do sionismo foi violenta. Não só usaram o Exército como também deram carta branca aos colonos israelenses para se armarem e atirarem contra os manifestantes. Desde os primeiros dias houve vários mortos e milhares de detidos. Porém, não conseguiram desarmar o movimento: as manifestações continuaram, e a greve geral, prevista inicialmente por 3 dias, continuou por mais de duas semanas. A mobilização alcançada pelos palestinos desenhou-se para o sionismo como o prenúncio de futuras mobilizações pela devolução das terras ocupadas por Israel desde 1967 e como um perigo que ameaçava não apenas o Estado de Israel de fora como também de dentro. Essa mobilização é o que Beguin pretendia evitar que se desenvolvesse, e para isso recorre aos métodos mais brutais, mais selvagens. 

Na lógica sanguinária de Beguin, que está bem para o imperialismo, não haveria nenhuma terra a ser reivindicada se não houvesse um povo para reivindicá-la. A guerra limparia o Líbano das massas palestinas, cuja unidade com os palestinos da Cisjordânia e Gaza na própria Israel poderia ser explosiva. Só nestas condições – esmagamento da resistência palestina – Israel e o imperialismo estão dispostos a estabelecer um “acordo de paz” no Oriente Médio. Inclusive, o imperialismo já formulou esse plano: trata-se de um mini-Estado palestino na Cisjordania, que estaria submetido à tutela política e militar de Israel. Trata-se de uma ficção de Estado, que daria a aparência de resolver o problema nacional dos palestinos e cuja função é amarrar a direção nacionalista palestina a uma solução “gradual” do conflito do Oriente Médio. 

No momento, enquanto Israel ocupa o Líbano assistimos a paralisia dos Estados Árabes, que deixam as massas palestinas à mercê de um inimigo mais forte e mais preparado. A única alternativa para o movimento palestino é buscar uma aliança com os Árabes de Israel (como aconteceu durante a última mobilização) e com as massas pobres judias, contra o Estado sionista e contra o conjunto da reação árabe. 

A luta contra o Estado sionista, por uma Palestina unificada e democrática, é a única alternativa para a libertação nacional palestina e para integrar as massas judias ao destino histórico dos povos do Oriente Médio. Em nosso próprio país e a nível internacional é preciso organizar a solidariedade real com os palestinos que estão sendo vítimas da barbárie. Fora os sionistas do Líbano, Fora o imperialismo do Oriente Médio. Fim ao genocídio das massas palestinas.                                                    

JORNAL CAUSA OPERÁRIA, ANO 3  – Nº 25 – 20 DE JUNHO DE 1981

 

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Last Update: 23/03/2025