Na última semana, o jogador da equipe sub-20 do Palmeiras, Luighi, foi vítima de racismo. Substituído pouco antes do fim da disputa contra o Cerro Porteño, ele foi chamado de macaco e recebeu uma cusparada de um torcedor que carregava uma criança no colo. O jogador Figueiredo também foi ofendido verbalmente.
Mas, ainda que a atitude seja reprovável e, por si só exigiria medidas imediatas contra o racista, o caso só ganhou repercussão por conta das reivindicações de Luighi, que denunciou o caso a policiais que estavam no campo e também ao árbitro.
Só quando usou a entrevista ao final do jogo é que ele passou a ser ouvido.
“Não, não. É sério isso? Você não vai perguntar sobre o ato de racismo que fizeram comigo. É sério? Até quando a gente vai passar por isso? Até quando? Me fala, até quanto a gente vai passar isso? O que fizeram comigo foi um crime, pô. Você ainda vai perguntar isso? Você vai perguntar sobre o jogo mesmo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? A CBF, sei lá… Você não vai perguntar sobre isso? Não ia, né? Você não ia perguntar sobre isso. O que fizeram foi um crime comigo, pô. A gente é formação. Aqui é formação. A gente está aprendendo aqui”, reclamou Luighi.
Lei
No Paraguai, práticas de racismo contra a população afrodescendente paraguaia e residentes é lei, com multa de até 100 salários mínimos, o equivalente a R$ 7,8 mil.
De acordo com a 6.940/2022, atos racistas são classificados como:
a: Obstruir, restringir, enfraquecer, impedir ou anular de forma arbitrária e ilegal o exercício de direitos individuais e coletivos de pessoas de ascendência africana, alegando motivos raciais ou étnicos.
b: Disseminar por qualquer meio ideias baseadas em superioridade racial ou ódio, ou que promovam e/ou justifiquem o racismo ou formas de discriminação étnica; incitar a violência ou a perseguição de pessoas de ascendência africana, com base em motivos racistas ou discriminatórios.
c: Participar de uma organização ou associação que promova e/ou justifique o racismo ou a discriminação, ou incite o ódio, a violência ou a perseguição de pessoas de ascendência africana, com base em motivos racistas ou discriminatórios.
A grande questão é se o torcedor racista poderia ser criminalizado ao cometer o crime contra um estrangeiro.
Repercussão
Até o momento, os criminosos não foram identificados. Porém, caso sejam, o Cerro Porteno informou que deve solicitar que eles nunca mais tenham acesso aos estádios para acompanhar jogos do time ou de qualquer outra partida de outras equipes no Paraguai.
O clube também se desculpou com os jogadores Luighi e Figueiredo, e foi penalizado em 50 mil dólares pela Conmebol pelo incidente.
A Conmebol decidiu ainda proibir o acesso do público nos estádios em dias de jogos do Cerro Porteño pela Libertadores Sub-20.
Luighi recebeu ainda apoio de jogadores profissionais, entre eles Vini Jr., que é um dos maiores combatentes de racismo no futebol, e até do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PEW), que afirmou nas redes sociais que “racismo é o fracasso da humanidade”.
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