Após a acareação realizada na manhã desta terça-feira 24 no Supremo Tribunal Federal, o advogado do general Walter Braga Netto, José de Oliveira Lima, afirmou que houve violação das prerrogativas da defesa e criticou duramente a ausência de registro em vídeo do procedimento conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes.
Braga Netto participou da acareação ao lado do tenente-coronel Mauro Cid, delator na trama golpista. Ambos são réus na ação.
Segundo Lima, Braga Netto chamou Cid de mentiroso em dois momentos da audiência. “Ele [Cid] foi chamado de mentiroso e ficou com a cabeça baixa. Isso deveria estar gravado para que todos pudessem constatar o que foi dito”, afirmou o advogado.
A defesa, de acordo com Lima, solicitou que a sessão fosse gravada pelo STF, como ocorreu em outras etapas do processo. O pedido foi negado. Em seguida, também demandou, sem sucesso, que os próprios advogados pudessem fazer o registro. “A prerrogativa da defesa foi violada. É inaceitável que uma audiência desse peso, com contradições sérias entre os depoimentos, não tenha sido registrada em áudio ou vídeo.”
O advogado também questionou a credibilidade do delator, afirmando que ele mentiu “diversas vezes” e apresentou versões contraditórias sobre o local e as circunstâncias da entrega de dinheiro para o plano Punhal Verde e Amarelo. “Ele fala em garagem, depois em estacionamento, depois em uma segunda garagem. E ainda descreve um pacote dizendo que tinha dinheiro, mesmo afirmando que a sacola estava lacrada. Como ele sabe o que tinha dentro?”, questionou.
José de Oliveira Lima acrescentou que os relatos de Cid não têm consistência para sustentar medidas judiciais: “É assustador. Como um depoimento tão frágil pode embasar um processo dessa gravidade?”.
Braga Netto, que está preso preventivamente em uma unidade militar no Rio de Janeiro, retorna à capital fluminense após a audiência, usando tornozeleira eletrônica. Ele está proibido de manter contato com qualquer pessoa além de seu advogado durante o deslocamento.