Depois do 11 de setembro, tanto a direita quanto a esquerda adotaram posições que fortaleceram o poder de repressão do Estado. Agora, a história parece se repetir, com Alexandre de Moraes exercendo o papel de um ato patriótico em forma de juiz.
Estamos assistindo, novamente, ao apoio desenfreado a medidas extremas sob o pretexto de proteger a “democracia”. Fica a questão: são essas ações realmente democráticas? Está claro que não. As medidas de Alexandre de Moraes são abusivas e antidemocráticas.
Ao apoiar essa escalada repressiva, a esquerda está cavando sua própria cova. Ao dar aval a essa conduta selvagem, esquecem que essas mesmas ferramentas podem ser usadas contra ela no futuro. Estão fortalecendo os instrumentos que permitirão à direita suprimir a liberdade de expressão e os direitos democráticos em geral, pavimentando o caminho para um regime no qual não poderemos falar ou fazer nada que fuja sequer minimamente das diretrizes estabelecidas pelos poderosos.
O erro fatal é acreditar que, em momentos críticos, é necessário entregar esses poderes de exceção à burguesia. Isso só fortalece quem já está no controle, e quem está no controle não é o povo, não são os trabalhadores ou suas organizações. E mesmo que estivéssemos diante de um governo revolucionário, esses poderes não devem escapar de um controle rigoroso pelo povo organizado. A situação de hoje é mais abusiva que o próprio ato patriótico. Enquanto esse ato estava previsto em lei, com restrições e regulamentações, o que vemos agora é um estado de sítio imposto à revelia da Constituição, sem fiscalização, baseado em decisões monocráticas — uma verdadeira ditadura de toga.
Apoiar essa aberração é amarrar uma corda no próprio pescoço. A esquerda de hoje está disposta a defender um novo A5 para caçar aqueles que defenderam o AI-5 da ditadura militar. Há alguma dúvida de que isso vai terminar em catástrofe para a esquerda e os trabalhadores?