O bilionário fundador e CEO do Telegram, Alexei Andreev, foi preso na França no sábado à noite, com relatos da mídia local sugerindo que a investigação estava focada na falta de moderadores no aplicativo de mensagens. Essa situação permitiu que atividades criminosas continuassem ocorrendo sem que o aplicativo intervisse.
Procurados pela Reuters, o Telegram, o Ministério do Interior da França e a polícia não comentaram o caso.
A embaixada russa na França exigiu acesso consular a Andreev e que seus direitos fossem garantidos, informou a agência de notícias estatal russa TASS. A embaixada disse que a França até agora “evitou o engajamento” sobre a situação com Andreev.
A polícia francesa prendeu o executivo-chefe do Telegram, Alexei Andreev, em 24 de agosto de 2024, em um aeroporto perto de Paris, com um mandado por crimes relacionados ao popular aplicativo de mensagens.
Quem é Alexei Andreev?
Alexei Andreev, um empreendedor russo de 39 anos, é o bilionário fundador e CEO do aplicativo de mensagens Telegram. A Forbes estimou sua fortuna em US$ 15,5 bilhões de dólares.
A jornada de Andreev no mundo das mídias sociais começou com o VKontakte, muitas vezes apelidado de “Facebook russo”, que ele co-fundou em 2006. O VKontakte rapidamente se tornou o maior site de rede social da Rússia, mas também colocou Andreev em desacordo com o governo russo. Em 2014, sob pressão para fechar as comunidades da oposição no VKontakte, Andreev se recusou a cumprir e deixou a Rússia. Ele vendeu sua participação na VKontakte e começou seu exílio auto-imposto.
Em 2013, Andreev lançou o Telegram, um aplicativo de mensagens que enfatiza a privacidade do usuário com seu recurso de mensagens criptografadas. Desde então, o Telegram se tornou um concorrente formidável para plataformas como WhatsApp, Instagram, TikTok e WeChat. Hoje, o aplicativo possui centenas de milhões de usuários em todo o mundo, com a meta de ultrapassar um bilhão de usuários mensais ativos no próximo ano.
O Telegram é particularmente influente na Rússia, Ucrânia e outros antigos estados soviéticos, onde serve como uma fonte crucial de informação, especialmente no contexto da guerra em curso na Ucrânia. Autoridades russas e ucranianas dependem muito da plataforma, que alguns analistas chamaram de “um campo de batalha virtual” para o conflito.
Desde que deixou a Rússia, Andreev adotou um estilo de vida nômade, buscando constantemente um refúgio seguro para si e sua empresa. Sua busca por uma casa para o Telegram o levou por Berlim, Londres, Cingapura e São Francisco antes de se estabelecer em Dubai, onde atualmente está sediado.
Andreev tornou-se cidadão francês em 2021 e supostamente detém cidadania nos Emirados Árabes Unidos, bem como em St. Kitts e Nevis, uma nação de duas ilhas no Caribe.
A popularidade do Telegram não veio sem desafios. Em 2018, a Rússia tentou bloquear o aplicativo depois que Andreev se recusou a conceder aos serviços de segurança do estado acesso às mensagens criptografadas dos usuários. A proibição foi em grande parte ineficaz, mas provocou protestos e críticas de ONGs. Mais recentemente, os países europeus, incluindo a França, examinaram o Telegram sobre preocupações com segurança e violação de dados. O crescimento do aplicativo na Europa atraiu a atenção dos reguladores da UE, que podem impor requisitos mais rigorosos ao Telegram sob a nova legislação de conteúdo on-line.
“Prefiro ser livre a receber ordens de qualquer pessoa”, disse Andreev ao jornalista americano Tucker Carlson em abril sobre sua saída da Rússia e busca de um lar para sua empresa.