Em 2018, iniciou-se o processo golpista na Bolívia, com a oposição questionando a candidatura de Evo Morales por meio de ações como protestos direitistas nas ruas e denúncias junto a órgãos internacionais do imperialismo, como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Europeia. Nas eleições de 2019, os métodos eleitorais continuaram sendo questionados, mesmo com as urnas apuradas e a obtenção de 55,1% dos votos, resultado não reconhecido pela oposição, conforme relatório elaborado pela OEA.
O agravamento da situação, com a escalada de violência nas ruas, a indefinição política e a continuação dos protestos direitistas, levou à renúncia de Evo Morales, pois sua permanência na presidência, mesmo com os votos obtidos, poderia desencadear um “banho de sangue”. Sua saída foi seguida por outros apoiadores, criando uma situação de vácuo de poder que foi preenchido pela senadora da oposição Jeanine Añez, nomeada interina em uma sessão com quórum reduzido. Diante dessa situação, o então presidente eleito Evo Morales capitulou e deixou o país com destino ao México, recebido por López Obrador, e depois refugiou-se na Argentina.
Apesar da renúncia, houve mobilização popular permanente, enquanto Jeanine Añez permanecia de forma ilegítima na presidência da Bolívia. Apesar da postura de Evo Morales, houve repressão.
A situação foi amenizada com as eleições de 2020, com a vitória eleitoral de Luis Arce e o retorno do Movimento ao Socialismo (MAS), com o apoio do ex-presidente Evo Morales e da ala à direita no partido, capitulando frente aos interesses do imperialismo e em uma tentativa de conciliação nacional, já que a situação eleitoral de Evo Morales foi questionada pela Justiça boliviana. Situação similar ocorreu com a desistência de Cristina Fernández de Kirchner de se candidatar à presidência, sendo vice-presidente de Alberto Fernández, ambos do Partido Justicialista — o partido do ex-presidente e general Juan Domingo Perón — devido à perseguição judicial na Argentina.
A presidência de Luis Arce prometeu que sua vitória representaria a volta da “democracia” em um governo progressista, ao declarar em seu perfil no antigo Twitter:
“Recebemos este mandato democrático com muita humildade. Nosso grande desafio agora é reconstruir a pátria, recuperar a estabilidade e a esperança”, vencendo as eleições com 55% dos votos e superando Carlos Mesa, que representava a política da ex-presidente Jeanine Añez.
O Tribunal Eleitoral declarou que a campanha de Evo Morales não estaria de acordo com a legislação eleitoral vigente, mesmo com recurso do ex-presidente em um processo judicial questionando a decisão da corte eleitoral na terça-feira (20) de maio de 2025, sendo que as eleições estão previstas para acontecer em agosto deste ano. O secretário da corte, Luis Fernando Arteaga, afirmou que o ex-chefe de Estado não pode inscrever sua candidatura porque o partido Evo Pueblo, de Morales, não “possui personalidade jurídica vigente”. A condição se complica com a perseguição política: o advogado Wilfredo Chávez e representantes foram ao tribunal e não puderam inscrever a candidatura, expressando “estarrecimento pela presença policial massiva”.
O atual presidente Lucho Arce desistiu de tentar a reeleição nesta terça-feira (13), também pedindo que Evo Morales abandone a disputa para evitar um possível “racha na esquerda”. A impugnação de Morales é uma manobra ilegal contra o direito de se candidatar e liderar o povo boliviano, que responde com a campanha pelo “voto nulo” como forma de demonstrar apoio popular e desafiar as instituições burguesas naquele país.