Na próxima segunda-feira (8), o presidente Lula participa da 64ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados. O encontro acontece em Assunção, no Paraguai, e no dia seguinte, terça-feira (9), o líder brasileiro segue para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde estará com o presidente Luis Arce.
Esta Cúpula traz como importante marco o indicativo de entrada definitiva da Bolívia como membro pleno do grupo, junto com o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (a Venezuela está suspensa desde 2017).
Conforme disse a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, a expectativa é de que o presidente boliviano leve a ratificação de entrada ao Mercosul.
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De acordo com o governo brasileiro, hoje o bloco econômico tem PIB US$ 2,86 trilhões, o que equivale a 7ª maior economia mundial. Sozinho o Brasil ocupa a oitava posição e o presidente Lula projeta que o país, de forma isolada, alcance a sexta colocação, o que também é de interesse do grupo.
Além disso, é destacado que os países membros estão 67% do território da América do Sul e que o Brasil teve superávit comercial US$ 6,5 bilhões em negócios com os parceiros do Mercosul.
O Mercosul, criado há 33 anos, terá a troca da presidência temporária que passa do Paraguai para o Uruguai.
Bolívia no Mercosul
A entrada da Bolívia no grupo econômico sul-americano começou a ganhar contornos reais após a aprovação pelo Senado brasileiro em novembro do ano passado e posterior promulgação de Lula. Os outros países membros já haviam aprovado a entrada do país.
Com a concretização da entrada boliviana, o país terá um período de transição de quatro anos em que deve anular acordos bilaterais com os membros do bloco para poder se incorporar nos regimes de Tarifa Externa Comum, Regime de Origem do Mercosul e de nomenclatura comum do grupo.
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A participação do país andino traz maior impulso para a integração regional, em especial do Cone Sul, e incrementa o mercado do bloco com suas grandes reservas energéticas de gás, além de lítio e minerais. Para o Brasil este é um campo a ser desenvolvido em conjunto e de especial interesse uma vez que os países possuem 3,4 mil quilômetros de fronteiras.
Uma representação desse harmônico convívio é a construção da ponte Brasil-Bolívia prevista para este ano. O projeto de 1,22 km sobre Rio Mamoré, em Rondônia, visa estabelecer mais uma rota bioceânica e cumprir um acordo estabelecido há 120 anos com a Bolívia.
Ausência irrelevante
O presidente da Argentina, Javier Milei, informou que não participará na Cúpula do Mercosul. Durante sua campanha presidencial lançou a bravata de que tiraria o país do grupo. No entanto, foi aconselhado a descartar a ideia, deixando-a somente como mais uma bravata para agradar o eleitorado de extrema-direita.
Ele será representado no Mercosul pela chanceler Diana Mondino, que já se encontrou com Lula para colocar ‘panos quentes’ nas relações bilaterais entre os países.
A embaixadora brasileira Gisela Padovan disse para a imprensa que a ausência é lamentável, mas que não altera em nada a Cúpula.
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Apesar disso a diplomacia brasileira segue atenta aos passos de Milei, que deverá se encontrar com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro em solo brasileiro em um evento de extrema-direita. Ou seja, ele prefere continuar radicalizando seus posicionamentos ao invés de governar seu país junto a outros líderes no Mercosul.
Quem perde é o povo argentino, que já enfrenta grave recessão econômica com uma queda de PIB de 5,1%.
Lula na Bolívia
Na sequência da agenda no Paraguai, Lula irá à Bolívia em sua primeira viagem ao país vizinho neste seu terceiro mandato. Por lá terá reuniões fechadas e participará de ato público em que serão assinados atos de cooperação entre os países.
A presença brasileira no país também serve como apoio após a recentemente tentativa de golpe de Estado. Lula chegou a comentar o caso e prestar solidariedade em entrevista à rádio Itatiaia: “Vou lá para fortalecer o Luis Arce, para fortalecer a democracia e mostrar para os empresários que é muito importante que se mantenha a Bolívia governada democraticamente. Se não for assim, a Bolívia nem pode entrar no Mercosul.”