O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a concessão de anistia como solução para pacificar o Brasil. Em entrevista à revista Oeste nesta quinta-feira (28), ele refutou as acusações do relatório final da Polícia Federal sobre a trama golpista de 2022 e revelou que discutiu medidas como estado de sítio, estado de defesa e uso do artigo 142 da Constituição com militares após o resultado das eleições.
Anistia como caminho para pacificação
Bolsonaro comparou o atual momento com a aprovação da Lei de Anistia de 1979, durante o regime militar, defendendo o perdão aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Segundo ele, apenas a anistia seria capaz de unir o país:
“Para nós pacificarmos o Brasil, alguém tem que ceder. Quem tem que ceder? O senhor Alexandre de Moraes. A anistia, em 1979: eu não era deputado, foi anistiada gente que matou, que soltou bomba, que sequestrou, que roubou, que sequestrou avião, e ‘vamos pacificar, zera o jogo daqui para frente’. Agora, se tivesse uma palavra do Lula ou do Alexandre de Moraes no tocante à anistia, estava tudo resolvido. Não querem pacificar? Pacifica”.
O ex-presidente também pediu que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) reconsiderassem a questão. “Eu apelo aos ministros do Supremo Tribunal Federal, eu apelo. Por favor, repensem, vamos partir para uma anistia, vai ser pacificado”, concluiu.
Relatório da PF é “peça de ficção”
Jair Bolsonaro desqualificou o relatório da Polícia Federal, classificando-o como uma “peça de ficção”. Ele mencionou que as conversas com os comandantes das Forças Armadas após as eleições de 2022 ocorreram devido à multa de R$ 22 milhões aplicada pelo TSE ao PL por questionamentos às urnas eletrônicas.
“Você vê até os depoimentos dos comandantes de Força. Eles falam que o Bolsonaro discutiu conosco hipóteses de [artigo] 142, de estado de sítio, de estado de defesa. Eu discuti, sim, conversei, não foi uma discussão acalorada”, explicou.
O ex-mandatário seguiu: “Porque quando nós peticionamos ao TSE em novembro de 22, baseado na ação, peticionamos com advogado, em poucas horas o ministro Alexandre de Moraes —presidente do TSE— indeferiu, arquivou e nos deu uma multa de R$ 22 milhões, nós conversamos: se a gente for recorrer, a multa passa para R$ 200 milhões”.
“Quem sabe até cassa o registro do partido. Vamos buscar outra maneira. O que que sobrou para a gente? Sobrou as quatro linhas [da Constituição]. Eu sempre joguei dentro das quatro linhas. O que que tem aqui dentro para gente ver o que a gente pode buscar aí mostrar os erros do sistema eleitoral. Rapidamente viu que não tinha sucesso. Não tinha, esquece, abandona”, completou ele.
Elogios a Arthur Lira e críticas ao Senado
O ex-presidente elogiou a postura do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), diante do indiciamento do deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS) pela PF. Ele destacou a necessidade de fortalecer a Câmara frente à, em sua opinião, omissão do Senado liderado por Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Bolsonaro também ressaltou a importância da imunidade parlamentar, que protege deputados e senadores de sanções por opiniões e votos: “Eu tenho uma rede com pouco mais de cem deputados e eu falei para eles lá: ‘nos meus bons tempos de deputado federal eu estaria elogiando agora o Arthur Lira’, eu mandei para os parlamentares, vários subiram à tribuna e fizeram elogios a ele”.
Paralelo com perseguições em outros países
Por fim, Bolsonaro comparou sua situação à de opositores políticos na Venezuela, Nicarágua e Bolívia, afirmando que há uma tentativa de retirá-lo do cenário político brasileiro.
“Querem arrumar uma maneira de me tirar de combate. Alguns acham até que não é nem tornar inelegível por mais tempo ou uma condenação. Querem é executar. Vou acabar sendo um problema para eles trancafiado”, alegou.