O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, fez uma exigência contundente, direcionada aos países membros do Brics. Em uma postagem em sua plataforma de mídia social, Trump afirmou que os países do bloco devem se comprometer a não criar uma nova moeda ou apoiar qualquer iniciativa que substitua o dólar americano. Caso contrário, ele avisou, esses países enfrentarão tarifas de 100%.
“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, declarou Trump em sua mensagem. O presidente eleito foi ainda mais enfático em sua postura, dizendo que os países podem procurar outro “otário”, já que, segundo ele, não há chance de o Brics substituir o dólar no comércio internacional.
A declaração de Trump ocorre em meio ao crescente movimento do Brics, que, desde janeiro deste ano, conta com dez membros plenos. Além dos membros originais — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, o grupo passou a incluir como membros permanentes o Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. Esse alargamento do bloco, que busca maior influência econômica e política no cenário global, tem gerado tensões com os EUA, especialmente em relação à questão da moeda de transações internacionais.
A proposta de substituir o dólar por uma moeda comum do Brics ou utilizar moedas locais nas transações internas tem ganhado apoio dentro do bloco. Em outubro, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, reforçou essa ideia durante uma reunião de cúpula dos países do Brics, realizada em Kazan, na Rússia. Lula defendeu que o grupo avançasse na criação de mecanismos de pagamento alternativos, reduzindo a dependência do dólar nas transações entre os países membros.
No entanto, a postura de Trump reflete a resistência dos EUA em perder a hegemonia do dólar no comércio global. O ex-presidente dos EUA tem se mostrado extremamente contrário a qualquer movimento que ameace a posição dominante do dólar, o que inclui propostas de substituição de sua utilização em transações internacionais. Ele deixou claro, em sua postagem, que qualquer país que tente seguir adiante com esses planos deve “dizer adeus aos EUA”.
Enquanto isso, o Brasil, que assume a presidência do Brics a partir deste ano e durante 2025, tem a intenção de acelerar as negociações para a criação de um mecanismo de compensação de pagamentos em moedas locais entre os países do bloco. O governo brasileiro também busca ampliar a atuação do Novo Banco de Desenvolvimento, presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff, como uma alternativa ao sistema financeiro tradicional dominado pelo dólar.
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