Em entrevista ao Globo, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que se arrepende de ter ido votar nas últimas eleições com a camisa do Brasil, que foi adotada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele ainda “passou pano” para os atos terroristas promovidos por bolsonaristas no 8 de janeiro:
(…) O presidente Lula várias vezes o criticou, falando que você era uma espécie de inimigo do país. Como sente esse tipo de crítica?
É um discurso mais político do que técnico. Sou técnico, então não entro no campo político. O que vai ficar quando eu sair do BC são as entregas que fiz. Estou mais preocupado em conseguir entregar as novas fases do Open Finance, no que vamos fazer diferente no Pix, se vou entregar a inflação na meta, do que com qualquer tipo de crítica política.
Houve dois episódios controversos com você. O primeiro é a camisa da seleção no dia da votação. Se arrependeu daquela camisa?
Hoje eu teria feito diferente. O voto é um ato privado. Não acho que seria surpresa, as pessoas não achariam que eu não ia votar desta forma. Teria feito diferente, mas acho que, no fim das contas, a autonomia e a independência se fazem pelo que eu fiz ao longo do tempo no Banco Central. Fizemos a maior alta de juros em período eleitoral dos países emergentes. (…)
Acha que houve uma tentativa de golpe no Brasil?
Não tenho conhecimento nem informação suficiente para falar sobre isso. Mas eu acho que a democracia é a coisa mais importante que a gente tem. Acho que a gente precisa crescer no amadurecimento da democracia.