O presidente francês, Emmanuel Macron, aceitou a demissão do primeiro-ministro, Gabriel Attal, e seu governo. No entanto, a atual administração continuará atuando até que um novo premiê seja anunciado.O presidente deve anunciar o novo premiê apenas após as Olimpíadas, que serão realizadas em Paris de 26 de julho a 11 de agosto. A Constituição não estabelece prazo para o anúncio ser feito.
Attal, que é do mesmo partido de Macron, havia apresentado sua demissão em 8 de julho, após o resultado das eleições parlamentares francesas. À época, o presidente recusou o pedido e solicitou que ele permanecesse no cargo “por enquanto” para “garantir a estabilidade do país”. Ele estava no cargo desde janeiro e foi o premiê mais novo da França desde 1958, indicado aos 34 anos. O presidente ainda não sinalizou um possível nome para substituir Attal.
Segundo comunicado do Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, Attal e seus ministros continuam responsáveis pelo “tratamento de questões atuais até a nomeação de um novo governo”. Durante o conselho de ministros, Macron deu a entender que essa situação pode durar “algumas semanas”.
A demissão do governo permite que os ministros que se reelegeram como deputados nas eleições legislativas antecipadas de 30 de junho e 7 de julho participem na quinta-feira da escolha da presidência da nova Assembleia Nacional, cargo altamente estratégico.
Durante o pleito de 7 de julho, a NFP (Nova Frente Popular), coalizão formada para tentar derrotar o partido de extrema direita RN (Reagrupamento Nacional), de Marine Le Pen, assegurou 182 cadeiras na Assembleia. O partido liderado por Le Pen teve um resultado muito abaixo das expectativas, assegurando 143 assentos. Isso se deu não por falta de votos, foi o partido mais votado, mas pelo antidemocrático sistema distrital da França. Em declaração para a imprensa, Le Pen afirmou que o resultado é apenas um adiamento da vitória do seu partido nas próximas eleições.
Na nova composição, nenhum dos grupos chegou perto da maioria absoluta de 289 dos 577 deputados, o que significa a necessidade de alianças para a formação do próximo governo, possivelmente entre a NFP, liderada por Jean-Luc Mélenchon, e a coalizão de Macron. Essa situação tem criado uma verdadeira crise dentro da coalizão.
Em paralelo, os legisladores franceses se reunirão nesta quinta-feira para eleger o presidente da Assembleia Nacional, em duas sessões. Os encontros exigem a presença da maioria do corpo de 577 assentos. Caso haja um impasse, o candidato com o maior apoio no parlamento será submetido a uma terceira votação.
A primeira recusa de Macron da renuncia de seu aliado teve um motivo claro. Logo após a eleição, a burguesia preparava um golpe contra a esquerda, especificamente o FI, o partido de Melenchon. A renuncia rápida atrapalharia esse plano, após mais de uma semana, esse plano já está mais bem planejado. A tendência agora é se formar um governo de frente entre o Macron e o Partido Socialista, sem a participação do FI. Esse foi o golpe de mão do imperialismo nas eleições da França.