O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante interrogatório sobre a trama golpista no STF. Foto: Reprodução

A Polícia Federal (PF) encontrou arquivos em PowerPoint com planos detalhados do governo Jair Bolsonaro (PL) para as manifestações de 7 de setembro de 2021 e para o “day after” (dia seguinte). O material foi localizado no celular do coronel Flávio Peregrino, ex-assessor do então ministro da Defesa, general Braga Netto, e aponta estratégias de pressão política e institucional.

Segundo relatório da PF, os arquivos descrevem “avaliações de cenários” antes e depois das manifestações convocadas por Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios, com forte presença de apoiadores, incluindo caminhoneiros.

Um dos documentos, intitulado “07 de Setembro — dia anterior”, orientava como o Ministério da Defesa deveria se posicionar, enquanto o outro, chamado “7 de Setembro — Versão 04”, com 17 páginas, organizava ações para manter a imagem de apoio das Forças Armadas ao presidente.

Os slides listam “fatores intervenientes na comunicação” e detalham o que deveria ser divulgado à imprensa e aos canais bolsonaristas, incluindo a ideia de que o país vivia sua “segunda independência”.

Um dos tópicos se chamava “O QUE COMUNICAR? – Guerra das Narrativas”. Também há menções à necessidade de evitar novos casos como o de Adélio Bispo, que esfaqueou Bolsonaro em 2018, e à preocupação com distúrbios inspirados no ataque ao Capitólio, nos Estados Unidos.

O plano previa ainda possíveis desdobramentos, como “desescalar sem desmobilizar”, “restrições de opositores” e “GLO (Garantia da Lei e da Ordem)”. A GLO poderia ser acionada preventivamente, a pedido dos Estados ou diante de distúrbios no DF, RJ e SP. O documento sugeria, inclusive, uma possível “convulsão social” com enfrentamento entre polícias militares e Forças Armadas.

A PF relaciona esse plano à declaração feita pelo então presidente do STF, Luiz Fux, que alertou que poderia requisitar garantias se a sede do Supremo fosse ameaçada.

Durante depoimento prestado ao ministro Alexandre de Moraes no inquérito da tentativa de golpe, Bolsonaro também chegou a usar o termo “day after”: “Um golpe é até fácil começar. Mas o ‘after day’ (dia seguinte) é sempre imprevisível e danoso para todo mundo”, disse.

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Last Update: 20/06/2025