Diário Causa Operária (DCO) inicia a série de entrevistas com os pré-candidatos do Partido da Causa Operária (PCO) nas eleições municipais de 2024. Em uma parceria com o Jornal Causa Operária (JCO), traremos discussões exclusivas com os representantes da organização trotskista para o pleito deste ano. Começamos a série com Daniel Lemes, pré-candidato a vereador pelo PCO em Amambai, Mato Grosso do Sul.
O PCO já lançou candidatos a governador e a prefeito em várias cidades do estado, incluindo Magno Souza, que concorre à vereança em Dourados, e Roberto Guarani, que concorre à prefeitura em Douradina.
O partido também terá mais de 20 candidatos índios no Mato Grosso do Sul, onde foi criado o coletivo de luta dos índios Terra Vermelha, com a participação de militantes e simpatizantes de outros estados.
Daniel Lemes, que tem uma longa trajetória de mais de vinte anos de militância no Partido dos Trabalhadores (PT), decidiu se filiar ao PCO após observar a atuação do partido no Mato Grosso do Sul. Segundo ele, o PCO é “o único partido que está no dia-a-dia das retomadas, dando apoio e denunciando o latifúndio”.
Lemes destaca que o partido não faz acordos com o governo do PSDB, liderado por Eduardo Riedel, o qual ele acusa de ser responsável pelos maiores ataques aos índios no estado.
Como conselheiro da Grande Assembleia Aty Guasu e membro do Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI), Daniel Lemes vê sua candidatura como uma extensão natural de sua luta pelos direitos dos índios. “Agora vou ser o primeiro candidato índio a prefeito de Amambai”, afirma.
A candidatura surgiu de discussões realizadas dentro de sua tribo, onde a comunidade debateu a conjuntura política, a situação dos índios e questões internacionais, como o conflito palestino. “Juntos resolvemos lançar uma chapa para as eleições com 10 candidatos”, conta Lemes, destacando a liderança de Josiel Machado, que também é candidato a vereador e é um importante organizador da luta dos índios na região.
Qual a importância de uma candidatura dos índios para a prefeitura em sua cidade? Amambai é uma cidade do Cone Sul do Mato Grosso do Sul e tem vários conflitos de terra entre os fazendeiros e os índios. A candidatura vai trazer o debate da situação do índio e seu direito à terra, e também mostrar para o índio e para os trabalhadores em geral que é preciso se organizar para a política e não votar em partidos da direita, que atuam contra nossos direitos e contra a demarcação de terras dos índios.
Qual a relação entre a eleição e a luta que acontece no Mato Grosso do Sul? Como a campanha vai estar vinculada a este problema? Vamos usar a eleição para denunciar como nós índios vivemos e a falta de tudo nas aldeias, na saúde, na falta de terra para sobreviver e plantar. A gente vai denunciar os fazendeiros e a direita que sempre está atacando nossos direitos e depois vem aqui dentro da aldeia e das retomadas pedir voto.
Quais os principais problemas dos índios e da população da sua cidade? Um dos nossos principais problemas é a falta de terra. As famílias vivem em apenas um pequeno pedaço apertado que mal dá para construir uma casa. E na aldeia falta de tudo, as estradas são muito ruins e falta muito emprego. Até os índios que estudam e fazem universidade, não encontram emprego depois de formados e ficam dentro da aldeia sem alternativa para viver.
