A Eurocâmara, renovada após as eleições europeias de junho, iniciou nesta terça-feira a nova legislatura com a reeleição da conservadora maltesa Ana Maria como presidente do Parlamento.
Ana Maria recebeu 562 votos e conquistou um novo mandato de dois anos e meio à frente do Legislativo europeu.
Advogada, 45 anos, Ana Maria é presidente do Parlamento Europeu desde 2022, quando era primeira vice-presidente e assumiu o cargo após o falecimento do então titular, o italiano Alessandro.
“Não devemos ter medo de enfrentar os autocratas. Não devemos ter medo de sustentar nossas promessas, de defender a Europa, e não devemos ter medo de construir uma união que funcione para todos nós”, disse Ana Maria após a sua eleição.
A espanhola Sofia, candidata pelo bloco de esquerda, recebeu 61 votos.
Nesta 10ª legislatura europeia, as mulheres representam 39% do plenário, que tem idade média de 50 anos.
Na quinta-feira, o Parlamento votará se aprova ou não um segundo mandato para Ursula à frente da Comissão Europeia.
Depois das eleições europeias de junho, o Parlamento Europeu enfrenta uma conjuntura política difícil, com o fortalecimento da extrema-direita.
O bloco do Partido Popular Europeu (PPE, direita) continua sendo o maior do Legislativo, seguido pela bancada dos Social-Democratas (S&D).
Os dois blocos e a bancada ‘Renew’ (liberais) formavam o trio político que garantiu o equilíbrio do Parlamento Europeu na legislatura anterior.
Porém, nas eleições de junho o ‘Renew’ caiu para o quinto lugar, sendo superado por dois blocos de extrema-direita: Conservadores e Reformistas (ECR) e Patriotas pela Europa, apoiados pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor.
Assim, o trinômio original (denominado ‘centrista’, por excluir os extremos) ainda representa uma tendência geral majoritária, mas o fortalecimento da extrema-direita modifica todos os cálculos políticos.
Equilíbrio delicado
Na legislatura anterior, por exemplo, o ECR tinha uma vice-presidência do Parlamento Europeu e agora exige duas, ideia rejeitada pelos blocos de esquerda.
Além das exigências de ECR, o grupo Patriotas pela Europa (a terceira maior bancada) deve ter duas vice-presidências.
Para enfrentar este cenário, o trio principal está determinado a implementar o que foi denominado de ‘controle sanitário’ para impedir que a extrema-direita alcance o poder.
Um porta-voz do grupo Patriotas pela Europa, Francisco, afirmou que esta é uma “prática antidemocrática que priva milhões de cidadãos de representação”.
O bloco ECR pediu ao Parlamento para “não excluir aqueles que não agradam uma determinada maioria”.
Ao anunciar sua candidatura ao segundo mandato, Ursula admitiu que estava disposta a colaborar com determinadas alas do ECR, em uma tentativa de obter os votos do bloco.
Qualquer eventual apoio do ECR, no entanto, fecharia a porta aos votos dos social-democratas e liberais.
Por este motivo, nas últimas semanas Ursula se concentrou em estabelecer canais de diálogo com a bancada dos Verdes, que com 53 votos pode fazer a diferença.
Neste caso, qualquer promessa de Ursula aos Verdes ajudará a eliminar votos importantes no PPE, que questiona aspectos cruciais dos planos ambientais do bloco, o chamado Pacto Verde.
O bloco ECR tem uma reunião programada com Ursula nesta terça-feira e o porta-voz da bancada, João, mencionou as preocupações do grupo.
“Não poderemos apoiá-la se ela persistir em sua abordagem ideológica sobre o Pacto Verde”, comentou.