O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) anunciou a emissão de US$ 225 milhões em títulos verdes, cerca de R$ 1,2 bilhão, para financiar o reflorestamento na Amazônia. Os títulos, conhecidos como “títulos de impacto” (outcome bonds), são voltados para projetos que geram resultados socioambientais e representam a maior emissão desse tipo já realizada pela instituição.
Luís Marinho, gestor de fundos estruturados certificado pela Anbima, explica que esses títulos funcionam de maneira similar a outras negociações de dívida, onde uma parte busca recursos e outra oferece investimento. “Há a atuação de intermediários que analisam os projetos, estruturam o financiamento e negociam recursos entre as partes”, afirma Marinho.
O acordo para esses títulos verdes tem duração de nove anos, com vencimento em 2033, e oferece juros de 1,745% ao ano, além de um acréscimo variável que pode chegar a 4,362% ao ano. “Esse diferencial, com uma remuneração variável baseada no sucesso do projeto, é uma forma de incentivar a busca por melhores resultados e negociar taxas de juros menores”, destaca Marinho.
O objetivo do projeto é o reflorestamento de áreas desmatadas na Amazônia, liderado por uma startup brasileira que pretende lucrar com a Remoção de Carbono (CRUs) das áreas recuperadas. Esta operação é pioneira por associar-se não apenas à redução de emissões, mas à remoção de gases de efeito estufa já presentes na atmosfera.
Do total de US$ 225 milhões, cerca de 16% será investido diretamente nas ações de reflorestamento. O restante dos recursos será destinado ao pagamento dos juros aos investidores até que o projeto gere receitas no mercado de carbono.
Os títulos emitidos pelo Bird já atraíram interesse de grandes investidores internacionais, interessados tanto no retorno financeiro quanto no impacto socioambiental. No entanto, Marinho alerta para os riscos: “Por ser um projeto inovador, há a possibilidade de que os resultados financeiros fiquem abaixo do esperado”.
O apoio do Bird, parte do Banco Mundial, é um dos fatores que tornam esses títulos mais atraentes. “É uma forma inteligente de atrair recursos para projetos de impacto”, conclui Marinho, destacando o papel crucial dos intermediários na estruturação do título para garantir a captação de investidores.