O novo líder da Síria, Ahmed Al Sharaa, disse que pode levar quatro anos para realizar eleições no país, em uma entrevista ao canal saudita Al Arabiya TV transmitida no domingo 29, três semanas após a queda do presidente Bashar Al Assad.
Sharaa também destacou a importância de manter os laços com o Irã e a Rússia e pediu que o governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, retire as sanções contra seu país.
“O processo eleitoral pode durar quatro anos”, afirmou ele, cujo grupo islamista radical Hayat Tahrir Al Sham (HTS), que lidera uma coalizão rebelde, tomou Damasco em 8 de dezembro após uma ofensiva relâmpago que derrubou o governo de Assad.
O líder sírio acrescentou que seria necessário “reescrever a Constituição”, uma tarefa que poderia levar “dois ou três anos”, durante a entrevista à emissora saudita.
Desde que chegaram ao poder, as novas autoridades tentaram tranquilizar a comunidade internacional, grande parte da qual condenou Assad ao ostracismo no início da guerra do país em 2011, desencadeada pela repressão às manifestações a favor da democracia.
“As sanções foram impostas à Síria pelos crimes cometidos pelo regime”, declarou, apontando que agora que Assad foi deposto, “essas sanções deveriam ser retiradas automaticamente”.
“Esperamos que a nova administração dos Estados Unidos retire as sanções sem precisar iniciar negociações.”
O grupo HTS é considerado uma organização terrorista por vários governos ocidentais.
Sobre o Irã, Sharaa afirmou que seu país “não pode continuar sem relações com um país importante da região como o Irã, mas elas devem ser baseadas no respeito à soberania de ambos os países e na não interferência nos assuntos internos de cada um”.
Também ressaltou os “profundos interesses estratégicos” de seu país com a Rússia, e lembrou que “todo o armamento sírio é de origem russa” e que “numerosas usinas elétricas são administradas por especialistas russos”. “Não queremos que a Rússia saia da Síria como alguns gostariam”, acrescentou.
Sharaa afirmou ainda que as forças locais lideradas por curdos seriam integradas ao Exército nacional.