O Teatro de Contêiner, alvo de um processo de desocupação deflagrado pela gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), anunciou um novo impasse na negociação com o município.
A Cia. Mungunzá de Teatro afirma ter aceitado a transferência, sugerida pela prefeitura, para um terreno na Rua Helvetia (região central), mas sustenta ter esbarrado em novos obstáculos, entre eles o fato de a capital ter oferecido apenas 100 mil reais para a desmontagem das estruturas — o montante equivale a 5% dos 2 milhões de reais necessários, segundo o coletivo.
“Desde o início das negociações, deixamos claro à prefeitura que não teríamos condições de arcar com essa operação e que os custos precisariam ser assumidos pela gestão municipal”, declarou Marcos Felipe, da Cia. Mungunzá.
A entidade argumenta que o empecilho volta a deixá-la em situação de risco de despejo. A liminar que permite ao coletivo permanecer no atual endereço, na Rua dos Gusmões (também no centro), só vale até 25 de dezembro.
Diante da incerteza, a companhia chegou a requerer a cessão do novo terreno por 30 anos, o que a prefeitura teria negado. “A contraproposta foi uma cessão precária de dois anos, acompanhada apenas da promessa de enviar um projeto de lei ao legislativo, sem qualquer garantia.”
O coletivo afirma ter buscado diálogo com a gestão Nunes, mas alega ter se deparado com “inoperância, negativas monocráticas e um tratamento que nos colocou como infratores, mesmo após mais de uma década de parceria e construção conjunta”.
Em nota encaminhada à reportagem, a Prefeitura de São Paulo afirmou que não se comprometeu com o Teatro de Contêiner Mungunzá a custear a desmontagem e remontagem do teatro no novo endereço.
“O proposto foi disponibilizar uma ajuda de 100 mil para a mudança. Qualquer informação diferente é mentirosa”, informou a gestão Nunes, que ainda afirmou que o teatro “age com total irresponsabilidade ao criar obstáculos para a desocupação do terreno na Rua dos Gusmões perto do prazo final determinado pela Justiça”.
A Prefeitura de São Paulo ainda frisou não descartar a adoção de todas as medidas necessárias para que a decisão de desocupação do terreno seja cumprida.