O presidente Lula (PT) fez um novo aceno ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após desgastes que envolvem o anúncio de um aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O afago ao chefe da Economia ocorreu em uma coletiva de imprensa realizada em Brasília, nesta terça-feira 3.
Segundo defendeu Lula, Haddad não cometeu qualquer erro ao anunciar o aumento do IOF e quis apenas dar uma resposta a anseios da sociedade brasileira sobre as contas públicas. Ele reconheceu, no entanto, que a declaração do ministro – que não foi bem recebida por parlamentares – foi feita sem aval prévio do Planalto.
“Não acho que [o anúncio da Fazenda] tenha sido erro”, disse ao ser questionado sobre a polêmica. De acordo com Lula, o anúncio era apenas uma proposta, que ‘pode e está sendo discutida’. O tema, explicou, não passou por sua mesa porque, naquele momento, ele estava em viagem oficial.
“O Haddad, no afã de dar uma resposta logo à sociedade, apresentou uma proposta que ele elaborou na Fazenda. Se houve reação de que tem outras possibilidades, então vamos discutir essas outras possibilidades”, afirmou. “Mas o esforço que a Fazenda está fazendo é apenas para dar tranquilidade de que na Economia não tem mágica”, insistiu em defesa do ministro.
Lula projetou, durante a entrevista, que o tema será encerrado ainda nesta terça-feira, durante um almoço com parlamentares. “Não é segredo, vai ter um almoço com todas as pessoas que estão discutindo essa questão, veremos se temos um acordo ou não para anunciar como fazer a compensação que o Brasil precisa para colocar as contas fiscais em ordem.”
Apesar do aceno, Lula aproveitou a entrevista para uma espécie de recado ao ministro e outros membros da Esplanada. Ele defendeu que, antes de qualquer anúncio, o governo precisa discutir a proposta com os líderes do Congresso.
“A gente tem que aprender: toda vez que a gente toma uma atitude sem conversar com as pessoas que vão ter que nos defender e defender a proposta, a gente pode cometer erros”, avaliou.
“Sou favorável que, antes de mandar qualquer medida ao Congresso Nacional, que a gente reúna os parceiros, os presidentes do Senado e da Câmara e os líderes dos partidos. São 12 líderes que têm influências nas decisões, então por que não discutir com eles?”, reforçou Lula sobre o tema.