O mundo já começou a se articular para reorientar o comércio mundial, depois das tarifas de Donald Trump. The New York Times fez um levantamento desses movimentos em torno do mundo.

A Coreia passou por um período bravo, sob a presidência de um ex-Procurador Geral, que cavalgou a Lava Jato nacional, foi eleito presidente até ser deposto, após uma tentativa de golpe. Agora, o novo presidente da Coreia do Sul, Lee Jae Myung, enviou representantes à Austrália e à Alemanha para discutir questões de defesa e de comércio. Brasil e Índia anunciaram planos para aumentar seu comércio bilateral em 70%, para US$ 20 bilhões.

A Indonésia está próxima a um tratado com a União Europeia. O Vietnã já tinha fechado um acordo com os Estados Unidos, de tarifas de 20%. As cartas de Donald Trump destruíram as negociações. “À medida que mais e mais países sentem que é mais difícil atender às demandas dos EUA, seu interesse em trabalhar com outros países se intensificará”, disse Wendy Cutler, vice-presidente do Asia Society Policy Institute, citado pelo The New York Times.

No primeiro mandato de Trump, foram impostas tarifas para a China, que passou a adquirir quantidades menores de soja americana. O espaço foi ocupado pelo Brasil, que passou a ser o maior fornecedor de soja para lá.

O papel da Coreia do Sul é curioso. Assim como a União Europeia, a Coreia do Sul era um aliado incondicional dos Estados Unidos. Nessa condição, resistiu a aderir ao Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica, um pacto comercial que surgiu das cinzas de negociações com os Estados Unidos que fracassaram em 2016.

Agora, Byung-il Choi, economista sul-coreano e ex-negociador comercial, tem estimulado o país a aderir ao acordo, patrocinado pelo vizinho Japão. A qualquer momento, o acordo poderá ser fechado, como maneira de se defender das tarifas de Trump.

Como declarou Choi: “O Japão e a Coreia acreditavam que éramos um aliado firme e inabalável dos EUA, mas Donald Trump não acredita em aliados”. Disse mais: “O Japão está ansioso para obter membros mais significativos, e o novo governo da Coreia está dizendo: ‘Em nome do interesse nacional, podemos fazer qualquer coisa.’”

Há uma dificuldade para essa reestruturação do comércio global. Ao contrário dos Estados Unidos, a China é uma notável produtora de carros, eletrodomésticos, eletrônicos e têxteis. Portanto, não haverá espaço para bens de consumo, bens de capital, serem direcionados para lá.

A tendência será, mais à frente, as vítimas de Trump prepararem uma resposta coletiva. Segundo a reportagem, a ira de Trump se deveu à reunião dos BRICS no Rio de Janeiro, e à adesão da Indonésia ao bloco. O BRICS não esboçou, ainda, nenhum sinal de resistência maior. “Não vi indícios de que as nações do Sudeste Asiático estejam tentando se unir e apresentar uma frente unida”, disse Alexander Hynd, professor assistente do Instituto Asiático da Universidade de Melbourne. Por enquanto, está na fase de tentativas de acordos individuais.  Mas isso pode mudar se o ritmo atual de agitação continuar. “Os EUA estão tentando desmantelar rapidamente o sistema que criaram, o que está surpreendendo muita gente”, disse o Hynd.

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Last Update: 14/07/2025