Nesta terça-feira, dia 29 de abril, o portal progressista Brasil 247 publicou uma coluna assinada pelo jornalista Moisés Mendes, intitulada Velha direita patrocina o caos de um 8 de janeiro permanente. A peça é mais uma no apoio à campanha golpista e ditatorial do imperialismo através do Judiciário brasileiro, que no momento se volta à repressão do bolsonarismo. Mendes, como bom propagandista dessa farsa, precisa negar a realidade para defendê-la, tendo em vista se tratar de uma campanha do imperialismo, setor sem qualquer apoio popular. Um ponto fundamental, portanto, é negar a popularidade de Bolsonaro, que teve quase a metade dos votos na última eleição presidencial:
“Os brasileiros não querem saber de anistia para os golpistas do 8 de janeiro. Não querem que Bolsonaro seja beneficiado por eventuais atenuantes de penas para os manés e terroristas da invasão de Brasília.
E querem que Bolsonaro seja preso. É o que dizem as pesquisas. Mas outras amostragens que se repetem, essas sobre as intenções de voto para 2026, colocam Bolsonaro em condições de se manter na disputa, e como candidato competitivo.”
Procurando conectar as duas ideias aparentemente contraditórias, continua Moisés Mendes. Para suas afirmações, Mendes utiliza as pesquisas dos institutos da burguesia sem questioná-las de fato, e cai numa profunda confusão que o leva a conclusões sem qualquer base no cenário político brasileiro:
“O Datafolha, que há três semanas quase tirou Bolsonaro do jogo (perderia para Lula por 49% a 40%), está tão errado em relação a Atlas e Paraná, que devolvem o sujeito ao embate do qual, por ser inelegível, ele nem pode participar?”
“O líder do golpe é mantido na vitrine, todos os meses, porque a velha direita precisa ganhar tempo. Porque Tarcísio, Zema, Caiado e Ratinho não são fortes como deveriam ser.
O esforço é para que Bolsonaro se mantenha aparentemente vivo para dizer qual deles terá a sua bênção. Os jornalões e os institutos de pesquisa terrivelmente estranhos fazem, a seu modo, o seu 8 de janeiro.”
De acordo com Mendes, Bolsonaro não seria assunto na imprensa burguesa porque é, de fato, uma figura popular, mas porque essa imprensa estaria realizando um esforço artificial para garantir-lhe sobrevida política, o que não se alinha aos acontecimentos.
“É preciso produzir caos, a partir de informações confusas e do ataque sistemático a Lula, a Haddad e a tudo o que representa o poder a ser destruído. As corporações de mídia fazem, do seu jeito, com suas ‘notícias’, o que os invasores fizeram no ataque a Brasília.
Precisam manter e se possível ampliar um cenário caótico, para que Bolsonaro seja visto como um ser ainda vivo e assim o imponderável se manifeste. O imponderável seria a aparição de alguém com o perfil que antigamente definia um tucano.”
Em primeiro lugar, o fracasso do governo federal, que até agora, após três anos de mandato, não conseguiu produzir um resultado significativo, é desconsiderado pelo colunista. Para ele, a popularidade de Lula em queda seria fruto de “ataques sistemáticos”. Ora, Mendes se esqueceu do arrocho no salário mínimo? Dos cortes nas áreas e nos programas sociais? Pelo contrário, seria preciso especificar onde o governo realizou algo digno de uma popularidade como a suposta por Moisés Mendes.
Não é necessário tal campanha, como ficou evidente pelo caso do pix, quando um vídeo de Nikolas Ferreira pôs o governo de joelhos. E isso não se deve ao vídeo em si, mas ao erro da política do governo federal. Conforme o colunista, é como se o governo estivesse indo de vento em popa, e fosse agredido por uma ampla campanha de calúnias, o que não é fato. Boa parte da oposição se dá contra políticas defendidas e adotadas pelo governo Lula.
Por outro lado, a aparição de um tucano no cenário político não é facilitada pela popularidade de Jair Bolsonaro, mas dificultada por ela. É por esse motivo que a terceira via precisa do apoio de Bolsonaro, e por esse motivo ele não pode ser candidato.
“No imponderável de 2018, a criatura produzida acabou sendo Bolsonaro. Em 2022, deveriam ser João Doria ou Simone Tebet. Mas eles não conseguiriam vencer Lula. E Bolsonaro foi escalado de novo.”
Em 2018, vale citar, Bolsonaro só contou com o apoio da burguesia quando se tornou evidente que a terceira via, na época, Geraldo Alckmin, não iria ter chance. E isso se deu por uma campanha contra Jair Bolsonaro, para viabilizar a terceira via. Em 2022, novamente, houve a busca por viabilizar Simone Tebet, o que novamente não ocorreu, justamente fruto da popularidade de Jair Bolsonaro. Mendes ignora esses fatos para anular a oposição que existe entre a terceira via e Bolsonaro.
Reconhecer essa oposição, mais do que óbvia, tornaria claro que os apoiadores da ditadura contra os manifestantes do 8 de Janeiro e contra os membros do ex-governo, hoje processados, são os agentes do imperialismo, ao lado dos quais se coloca Moisés Mendes, e não os trabalhadores, que nada têm a ganhar com processos flagrantemente ilegais. Ora, porque seriam tão diferentes as pesquisas citadas, se não pelo interesses divergentes de seus patrocinadores? Tudo é ignorado por Mendes, que embarca numa verdadeira viagem:
“Por isso é preciso prolongar a sensação de confusão, sugerindo que um Bolsonaro inelegível e doente ainda está no jogo. Batendo no que se mexer no governo. Desqualificando Lula e Janja. E vaiando o PIB e o emprego.”
O desempenho econômico do governo é de estagnação, algo possivelmente difícil de perceber do país das maravilhas de Moisés Mendes. Esse desempenho se choca com as expectativas do eleitorado, que não apenas precisa lidar com tal decepção, mas ainda com medidas de arrocho econômico. A negação da popularidade de Jair Bolsonaro, e da impopularidade das políticas do governo Lula, leva Mendes a juntar grupos que estão claramente separados no cenário político:
“Esse é o 8 de janeiro permanente do que chamavam de elites e que hoje é uma coisa disforme que junta Faria Lima, fazendeiros, grileiros, garimpeiros, milicianos, os 300 das facções do Congresso, a Globo, a Folha, o Estadão e os institutos Paraná da vida.
Cada um faz a sua parte na quebradeira que atinge, como foi no 8 de janeiro, os três poderes. É preciso depredar o que resta de bom senso nas instituições e o que ainda temos da resistência e da bravura de Alexandre de Moraes. A velha direita golpista não para de trabalhar para o novo fascismo.”
Pode ser fato que o governo é atacado, porém, a principal frente desse ataque, vinda da “Faria Lima”, se dá não por propaganda, mas ao manter o governo refém e incapaz de aplicar o programa econômico proposto e vitorioso nas urnas, algo negado por Mendes. Ao reafirmar a popularidade minguante do governo, Mendes é forçado a “esquecer” que Lula, até agora, foi incapaz de aplicar a sua política, ponto central para a impopularidade do governo.
Assim, Alexandre de Moraes, um arauto do imperialismo na Suprema Corte, e o maior fascista do País, é elevado a salvador por combater o bolsonarismo, produtor de “ataques” contra o governo. Mas não está nesses ataques o motivo da falência de Lula, e sim nos mestres de Moraes, o implementador do novo fascismo.
Os processos farsa contra Jair Bolsonaro, que utilizam de prerrogativas estabelecidas no Mensalão, então destinado a golpear o PT, e na Lava Jato, que teve o mesmo objetivo, golpeando Dilma e prendendo Lula, não ocorrem sob os mesmos e aprofundados métodos à toa. É um mesmo processo de golpe. E esse golpe se dá, em primeiro lugar, e em último, contra os trabalhadores, que já são alvo, e serão esmagados por tais medidas, que estabelecem uma ditadura do Judiciário burguês no Brasil.