Fato notável na política levada adiante pela heroica Resistência palestina é a importância dada à questão dos prisioneiros, verdadeiros reféns da entidade ocupante que ultrapassam a marca dos milhares. Submetidos às mais horrendas torturas, todo palestino saído das masmorras israelenses é um lembrete do caráter nazista do sionismo. Com a proximidade do Dia da Mulher Trabalhadora, nada mais apropriado do que tratar das mulheres sequestradas e aprisionadas pelo autoproclamado “Estado de Israel”.
Na década de setenta, as primeiras prisioneiras mulheres foram enviadas à prisão de Neve Tirza, inaugurada em 1968, em Ramleh. No entanto, é devido pontuar, que mesmo antes mesmo da inauguração da prisão feminina de Neve Tirza, já era parte da política de terrorismo de Estado da entidade colonial o aprisionamento de mulheres.
Dentre as primeiras prisioneiras, se encontrava Aisha Odeh, militante da FPLP condenada a duas prisões perpétuas mais dez anos em 1970, pela morte de dois “israelenses” graças à explosão de um dispositivo no mercado de Jerusalém, em fevereiro de 1969. Odeh passaria dez anos sob custódia dos sionistas até sua libertação, em 1979, numa troca de prisioneiros, anos penosos retratados em seu livro “Sonho de Liberdade”, saído em 2005. Durante a sua prisão, Aisha seria um dos primeiros expoentes femininos na luta pelos direitos dos prisioneiros palestinos.
Seis anos depois, em 1985, haveria outra grande troca de prisioneiros, em que mais de mil palestinos foram libertos, a maioria destes mulheres. No entanto, com o objetivo de esmagar a Primeira Intifada, à força, os “israelenses” sequestraram mais de três mil palestinos. Não muito diferente do que se vê nos dias de hoje, em que a autoridade colonial liberta centenas de palestinos para em seguida perseguir número parecido: é necessária a manutenção de um regime de terror permanente.
Em 1995, como parte dos Acordos de Oslo II, o diretor da prisão de Hasharon, que conta com, além de uma ala feminina, uma ala para menores de dezesseis anos, deveria libertar as presas mulheres, medida que não cumpriu. Foram precisos dezesseis meses de protestos, em que as outras sequestradas se trancaram e recusaram a sair de suas celas, para que as últimas cinco também fossem libertas.
Quando da Segunda Intifada, os aprisionamentos novamente aumentaram. Desta vez, o sionismo procurou dividir as prisioneiras entre duas prisões, Hasharon e Damon, esta datada da época do Mandato Britânico e sem mudanças desde os anos cinquenta, com o intuito de cindir o movimento das presas palestinas, sem sucesso. Desde então, as sequestradas femininas têm sido concentradas na prisão de Damon, cuja abolição se tornou o principal tema da ala feminina do movimento de prisioneiros palestinos.