O sistema de ciência e tecnologia brasileiro precisa de um tiro de partida para se consolidar; a 5a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação pode ser o momento certo para isso.
A 4a Conferência foi realizada em 2010 e, em 2013/2014, o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos criou um documento precioso, o Livro Azul, que desenhou o futuro do país. No entanto, perdeu-se nos escaninhos do governo.
Agora, a 5a Conferência pode entregar um plano com diagnósticos, discussão ampla por todo o país e um plano de ação detalhado.
Uma das entregas da conferência será um plano para o setor de Inteligência Artificial, que foi solicitado pelo presidente Lula e será apresentado na Conferência.
A conferência foi precedida de um amplo debate coordenado por Sérgio Rezende e Anderson Gomes, que foram responsáveis por um programa inédito de levar inovação para pequenas empresas e agricultura familiar no governo Miguel Arraes.
Este ano, a abrangência aumentou, com reuniões em todos os estados, 5 regionais e 18 reuniões temáticas. Além disso, foi criada a figura da Conferência Livre, que permitiu a participação de 157 conferências, comprovando a capacidade de organização da sociedade civil e o interesse amplo de participar da reconstrução do país.
A conferência contou com a participação de mais de 70 mil pessoas online e resultou em dois e-books, um com as temáticas e o segundo com as conferências livres. Serão subsídios para as discussões na conferência.
Não serão levadas propostas prontas e acabadas. A intenção da conferência é aprimorar as propostas, incluir novas visões.
Terminada a conferência, será construído um documento que servirá de base para que o Ministério faça sua visão estratégica e plano de ação.
O grande desafio é como dar continuidade ao plano, para escapar da sina brasileira de projetos interrompidos a cada mudança de governo. A rigor, o único setor que se mantém invulnerável é a saúde, com o SUS. Em algum momento, se terá que pensar em algo semelhante para o setor de CTI, para haver um guardião da continuidade.
Na China, montou-se um programa de 50 anos, com revisão a cada 5 anos, com metas a serem alcançadas e definição clara das ações a serem implementadas. Em 2025, a meta é que ao menos 60% do PIB venham de produtos que tenham como base tecnologia e inovação. E o sistema de C&T chinês começou a ser montado há 30 anos.
Quando acabar a conferência, haverá uma subcomissão de consolidação e documentação, para elaborar o equivalente do Livro Azul. Será um plano interdisciplinar, no qual o MCT será um ministério meio, e a implementação será do CNCT, de apoio direto ao presidente da República.
Repetem-se as experiências passadas, mas, agora, chegando mais perto da sociedade.