Na esteira da campanha nada discreta do presidente do Banco Central (BC) Roberto Campos Neto por um novo ciclo de alta da taxa de juros, os porta-vozes do capital financeiro têm sido ligeiros em vocalizar o voraz apetite da Faria Lima por lucros, sempre em detrimento do bem-estar do povo brasileiro.
O ataque especulativo, devidamente amplificado pela mídia corporativa, foi duramente rechaçado pela presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). Na manhã desta quinta-feira (22), Gleisi se manifestou, em referência a reportagens publicadas pela Folha de S. Paulo e Estadão sobre a reunião do Copom que pode subir a taxa Selic, hoje em 10,50%.
“Não satisfeitos com o mal causado ao país por Campos Neto, Folha e Estadão pressionam por juros ainda mais altos, ouvindo especuladores do mercado”, denunciou. “Querem naturalizar uma aberração econômica. Não suportam ver a economia crescer e gerar empregos no governo Lula”, disparou a petista.
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Bolsa de apostas
Segundo o “mercado”, a bolsa de apostas em uma alta dos juros, um movimento firmemente ancorado na especulação financeira, começou a ganhar mais corpo após declarações do diretor do Banco Central, Gabriel Galípolo, cotado para assumir o BC após a aguardada saída do bolsonarista Neto do comando da autarquia. À imprensa, o diretor deixou chegar a mensagem de que a alta dos juros estava na mesa do Copom.
A partir daí, o mercado passou a “interpretar”, as declarações do diretor. “Qual é a chance de subir os juros? Não são pequenas”, conjectura reportagem do Valor. “O Copom está de olho numa melhora no quadro inflacionário geral para decidir o que fará. O ponto de partida, como repetido por Galipolo, é desconfortável”, insiste o jornal, fazendo coro com as “análises” de operadores do mercado coletadas por Folha e Estadão.
Lindbergh: “Pura especulação”
“Isso é pura especulação”, apontou o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), em declaração ao site do PT Nacional, nesta quinta-feira (22). “Especulação de quem ganha dinheiro quando a taxa Selic aumenta, isso é o rentismo”, definiu o petista, um dos mais ferrenhos críticos da política monetária conduzida por Neto.
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Lula: “Não é normal o que está acontecendo”
O modo de operar do mercado financeiro não é novidade mas tem se tornado assustadoramente corriqueiro no Brasil, em especial, e não coincidentemente, desde que Campos Neto ganhou a “independência” do mandato no BC em 2021. Há pouco mais de um mês, as críticas do presidente Lula à politica monetária serviram de chamariz para o mercado testar seu poder sobre a política econômica e até sobre a condução do orçamento federal.
“Obviamente que me preocupa essa subida do dólar”, disse Lula, alguns dias após o início da série de entrevistas. “É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o Real nesse país. Não é normal o que está acontecendo”, reclamou o presidente, em função das manchetes dos jornais, que atribuíam qualquer flutuação do câmbio a uma de suas falas.
Um mês depois, o dólar despencou, e a imprensa, obviamente, não atribuiu a valorização do Real a Lula ou à sua política econômica. Tampouco fez menção ao ambiente propício à atração de investidores que fez com que a Bolsa de Valores batesse sucessivos recordes históricos no país nesta semana.
Enquanto isso, o “mercado”, embriagado pela ganância, cresce o olho para a alta dos juros e alimenta a sabotagem ao desenvolvimento soberano do Brasil.
PT Nacional