O mercado da fé, por Izaías Almada

As dezenas ou centenas de igrejas petencostais e outras denominações protestantes espalhadas pelo mundo,  milhares de igrejas católicas, pessoas tementes a Deus, bem como os seguidores de outras divindades, como Buda ou Alá, dão o que pensar nos dias de hoje, já vencido o primeiro quarto do século XXI. Por qual motivo?

A necessidade verdadeira ou imposta por quase todas as religiões aos seus seguidores fiéis ou ocasionais em sua grande parte, ou mesmo totalidade, sempre procuraram ao longo dos anos dizerem que “política e religião” não se misturam.

Outro lugar comum é “religião e política” não se discute.

Feitas essas pequenas considerações comecei a pensar sobre o genocídio na Faixa de Gaza, sobre a irresponsabilidade e megalomania do presidente Trump e suas tarifas, sobre o Vaticano e a eleição do novo papa, sobre a ascensional estripulia da extrema direita internacional e suas saudades do nazifascismo que levou o mundo à Segunda Guerra Mundial, sobre a guerra comercial e por aí afora…

Fiquei me perguntando, talvez ingenuamente, por qual razão os fiéis e seguidores de tantas religiões se esquecem dos principais ensinamentos que, no seu conjunto, chamam o homem para uma convivência pacífica, tolerante e harmoniosa, respeitando as diferenças culturais de cada um dos povos que adotam tais ensinamentos.

As Sagradas Escrituras, o Torá e o Talmude, a Tripitka e o Alcorão, são textos em que milhões e milhões de seres humanos bebem os conhecimentos da integridade, da igualdade, do respeito ao próximo, de uma nova vida após a morte… E, no entanto… A humanidade parece ir se acostumando com o nobre mercado da fé…

La Nave Va…

Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.

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Last Update: 09/05/2025