Julian Assange, ativista australiano. Foto: reprodução

A partir de sua fundação em 2006, a organização WikiLeaks foi uma força poderosa na revelação de segredos de altas instâncias do poder político em vários países, principalmente nos Estados Unidos. Fundada por Julian Assange, a rede internacional de ciberativistas expôs segredos militares, políticos e diplomáticos, gerando escândalos notáveis e denunciando os crimes da maior potência econômica do mundo.

As investigações do ativista o levaram à prisão na Inglaterra desde 2011, até que, na última segunda-feira, Assange aceitou se declarar culpado de uma acusação de disseminação ilegal de material de segurança nacional, um dos maiores casos desse tipo na história dos Estados Unidos, em troca de sua liberdade.

Em abril de 2010, o WikiLeaks chocou o mundo ao divulgar um vídeo que mostra um helicóptero AH-64 Apache dos EUA atacando um grupo de civis em Bagdá, capital do Iraque, resultando em 12 mortes, incluindo Namir Noor-Eldeen, fotógrafo, e Saeed Chmagh, motorista, ambos funcionários iraquianos da Reuters.

Entre os sons de tiros, é possível escutar os militares estadunidenses rindo durante a execução. “O helicóptero começou a atacar aleatoriamente e as pessoas ficaram feridas. Uma (van) Kia chegou para levá-los embora. Eles atingiram a Kia e mataram os dois jornalistas”, disse na época a testemunha Karim Shindakh.

Assange era um refém dos EUA. Seu “crime” foi expor a verdade sobre o país que promovia massacres em outros países em busca de mais riquezas.

Outras revelações

Um dos vazamentos mais significativos do WikiLeaks foi o manual do Exército dos EUA para a prisão de Guantánamo, publicado em dezembro de 2007. Este documento detalhou os “procedimentos operacionais padrão” aplicados aos prisioneiros, incluindo o uso de cães para intimidá-los e a restrição de acesso ao local para membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. O manual também menciona o aumento de problemas de saúde mental e o número de suicídios entre os presos.

Outro vazamento famoso foi o “diário da guerra do Afeganistão”, publicado em julho de 2010. Com 90 mil páginas, os documentos revelaram massacres brutais cometidos pelos talibãs, resultando em duas mil vítimas civis, e 195 pessoas desarmadas mortas por disparos da força de coalizão. Este vazamento foi enviado simultaneamente ao The New York Times, The Guardian e Der Spiegel.

Apenas três meses depois, o WikiLeaks superou este feito com o vazamento de quase 400 mil documentos sobre a guerra do Iraque. Este material incluiu uma recontagem de vítimas que totalizou 109.032 mortos, dos quais 60% eram civis. Os arquivos também revelaram que os EUA toleraram abusos, torturas, estupros e execuções sumárias de civis cometidos por forças iraquianas aliadas.

O “cabogate” em novembro de 2010 foi outro marco do jornalismo mundial, com o vazamento de mais de 250 mil mensagens do Departamento de Estado dos EUA. Estas conversas revelaram detalhes inéditos da política exterior dos Estados Unidos e espionagem em várias partes do mundo.

Em abril de 2011, o WikiLeaks divulgou quase 800 documentos secretos do Pentágono, expondo o uso ilegal do centro de detenção de Guantánamo para obter informações de prisioneiros, muitos dos quais não tinham vínculos com o terrorismo. Estes arquivos incluíam dossiês confidenciais que mostravam o estado mental frágil de alguns presos.

Em outubro de 2012, a organização revelou detalhes sobre os procedimentos de detenção em Guantánamo e Abu Ghraib, destacando a criação de um “espaço sombrio” onde a lei e os direitos humanos não existiam. Estes documentos foram divulgados durante a campanha eleitoral dos EUA, na qual Barack Obama foi reeleito.

Soldados dos EUA introduzem um prisioneiro nas instalações de Guantánamo (Cuba). Foto: Reuters

Em junho de 2015, o WikiLeaks publicou relatórios da NSA que mostravam a espionagem de líderes franceses como Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e François Hollande. A NSA interceptou comunicações que incluíam discussões sobre a crise financeira na Grécia e as relações com Angela Merkel.

Apenas sete meses depois, em fevereiro de 2016, novos documentos revelaram que a NSA também espionou Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, Silvio Berlusconi, da Itália, e Ban Ki-moon, ex-secretário geral da ONU, além da Presidenta do Brasil na época, Dilma Rousseff (PT). As escutas secretas incluíam reuniões privadas entre líderes globais, expondo discussões sobre a luta contra as mudanças climáticas e a política internacional.

Em março de 2016, o WikiLeaks publicou mais de 30 mil e-mails de Hillary Clinton, expondo manobras políticas e fornecimento de armas a extremistas na Síria. Também foram divulgados 50 mil e-mails de John Podesta, chefe da campanha presidencial de Clinton, revelando estratégias de campanha e disputas internas do Partido Democrata.

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Última Atualização: 01/07/2024