A promotora Ana Luiza Ávila Peterlini, da 15ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Cuiabá, classificou como o maior dano ambiental visto em sua carreira o desmate químico de 81 mil hectares no Pantanal, atribuído ao pecuarista Claudecy Oliveira Lemes. Em entrevista à Rádio Vila Real FM nesta quarta-feira (15), ela ressaltou a gravidade do impacto no bioma de relevância internacional.
“Eu nunca vi uma degradação ambiental como essa. Foi o maior dano ambiental que já atuei, e acredito que também seja o maior do estado de Mato Grosso”, afirmou a promotora. Segundo ela, os prejuízos ambientais ainda são incalculáveis, tornando o caso um dos mais graves já registrados na região.
Embora esteja em liberdade, Claudecy foi afastado da administração de suas propriedades rurais, agora geridas por uma empresa nomeada judicialmente. A promotora destacou que as áreas e o gado estão indisponíveis para venda, enquanto o Ministério Público (MP) busca a perda definitiva das terras e a prisão do acusado.
“Nosso objetivo é a reparação integral, incluindo a retirada do gado, a regeneração das áreas degradadas e o pagamento de indenizações pelos danos ambientais”, explicou Peterlini.
A promotora detalhou que o desmate químico, utilizado por Claudecy, é mais difícil de ser identificado por satélite, o que retardou a descoberta. “Recebemos denúncias que nos levaram a vistorias in loco, revelando um processo que já estava em andamento há um ou dois anos”, disse.
Outro ponto de destaque no caso é a decisão da Justiça que reconheceu a prescrição de um crime ambiental cometido por Claudecy em Barão de Melgaço, envolvendo 3,8 mil hectares de desmatamento entre 2013 e 2018. O juiz Antonio Horácio da Silva Neto considerou extinta a punibilidade devido ao tempo transcorrido.
Para o MP, no entanto, o crime de impedir a regeneração natural é de caráter permanente e não deveria ser considerado prescrito. A promotoria já anunciou que irá recorrer da decisão. “O entendimento do juiz foi equivocado, e seguiremos buscando justiça neste caso”, afirmou Peterlini.
O pecuarista também é investigado por gastar mais de R$ 25 milhões no desmate químico das áreas, ampliando as consequências ambientais no Pantanal mato-grossense. Segundo o MP, a destruição compromete ecossistemas cruciais, com danos ainda impossíveis de mensurar.
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