Há 10 meses, uma das operações militares e políticas de maior sucesso da história começou na Faixa de Gaza: o Dilúvio de al-Aqsa. O Estado de “Israel” foi golpeado de forma tão fulminante que até hoje não se recuperou. Hoje, se discute se a outrora potência hegemônica continuará existindo. O grande nome por trás dessa operação é Iahia Sinuar, o líder do Hamas na Faixa de Gaza. Nessa terça-feira (6), ele foi eleito o novo líder do Birô Político do Hamas, substituindo o mártir Ismail Hanié. O homem que desatou a Revolução Palestina agora é líder do partido da revolução.
O Dilúvio de al-Aqsa foi o famoso evento do dia 7 de outubro de 2023 em que o Hamas realizou uma operação militar de sucesso contra diversas bases militares sionistas no entorno da Faixa de Gaza. O Estado de “Israel” ficou tão desnorteado que reagiu com extrema violência. Assim, causou a esmagadora maioria das mortes do dia 7 de outubro. O Hamas estava atacando forças militares especificas e capturando prisioneiros para usá-los como moeda de troca para libertar os milhares de prisioneiros palestinos dos centros de tortura israelenses.
Os sionistas nunca se recuperaram desse duríssimo golpe. Começaram a bombardear a Faixa de Gaza incessantemente no maior genocídio do século. Hesitaram invadir por semanas, sabendo que seriam derrotados. E, quando finalmente invadiram, caíram na armadilha da resistência. O exército sionista se desmoralizou completamente, está sendo vencido em Gaza. Diante dessa humilhação, todos sabem que “Israel” apenas se sustenta com muito auxílio do imperialismo. Sem isso, não consegue se defender nem mesmo do Hesbolá, quem dirá de todo o Eixo da Resistência.
10 meses de vitórias do Hamas
Ao longo de 10 meses de guerra, “Israel” sofreu derrotas importantes. Para o Hamas, qualquer derrota do Estado sionista é uma vitória. Além da desmoralização do exército em Gaza, houve o avanço gigantesco do Hesbolá no norte, que praticamente tomou controle de uma parte da Galileia. O bloqueio iemenita do Mar Vermelho acabou completamente com o porto de Eilat, um dos três mais importantes de “Israel”. O ataque do Irã a “Israel”, por fim, acabou com a hegemonia militar sionista na região.
Há também a crise política interna com uma guerra civil podendo explodir a qualquer momento em “Israel”. Mais de 40 mil empresas faliram durante esses meses de guerra. O setor de turismo entrou em total colapso. A economia está destruída. Outra vítima importante foi a indústria de propaganda sionista, conhecida como Hasbará. Um investimento de quase oito décadas acabou. O mundo inteiro sabe que “Israel” é equivalente a genocídio.
Mas não foram apenas derrotas de “Israel” que se acumularam. O Hamas teve vitórias, e muitas. A primeira foi a popularidade do partido. Internacionalmente, ele deixou de ser considerado um grupo de “radicais islâmicos” para se tornar o partido dos grandes guerrilheiros da revolução. Seus combatentes são a nova geração de vietnamitas, de cubanos, que, de armas na mão, derrotam o imperialismo em sua forma mais brutal. No mundo inteiro, o apoio ao Hamas cresceu de forma exponencial.
Dentro da Palestina, o crescimento é ainda maior. O partido, que já era majoritário antes da guerra, se tornou, de longe, a principal força política da Palestina. Esse ganho político permitiu uma vitória gigantesca sobre a segunda maior força do país, o Fatá. Em julho de 2024, após 18 anos de uma cisão criada pelos sionistas, Hamas e Fatá assinaram um acordo de unidade nacional em Pequim. As consequências políticas disso são gigantescas e ainda não houve tempo para medir seu impacto.
O Hamas também tornou a questão palestina uma questão central no mundo inteiro. Ele é um dos responsáveis por derrubar a candidatura de Joe Biden nos EUA. Desmoralizou completamente os norte-americanos, que foram obrigados a vetar o cessar-fogo na ONU quatro vezes. Os acordos que eles estavam prestes a aprovar entre Arábia Saudita e “Israel” foram totalmente abandonados. A questão da criação de um Estado da Palestina está na ordem do dia.
A força política do Hamas é tão grande que a proposta de acordo feita pelo partido foi aceita em maio pela própria CIA, que já estava disposta a terminar a guerra. A direita israelense apoia o acordo, os militares israelenses apoiam o acordo, quase toda a sociedade israelense quer se render diante da força do Hamas. O único setor que não cede é a extrema direita. Sua política é de guerra total. Essa crise ainda não foi superada, mas a extrema direita não tem um plano para vencer. Se tiverem sucesso, apenas estenderão a guerra em Gaza até uma derrota muito humilhante.
O arquiteto do dilúvio
Em 2021, Iahia Sinuar, lançou uma operação militar contra “Israel” que, naquele momento, foi de grande sucesso. Foi a primeira unificação de todas as organizações da resistência palestina. Ele concedeu uma entrevista em que explica a posição de luta do Hamas:
“Nós não queremos guerras ou luta. Isso custa vidas, o nosso povo merece a paz. Por um longo tempo, tentamos a resistência pacífica. Infelizmente, esperávamos que a comunidade internacional, os povos livres, as organizações internacionais, acabariam com a ocupação e com o massacre de nosso povo. Mas infelizmente o mundo ficou parado olhando a máquina de guerra da ocupação matando nossos jovens.
Israel tem um arsenal completo de guerra, equipamentos extremamente avançados e aeronaves que intencionalmente bombardeiam nossas crianças e mulheres. Fazem isso intencionalmente. É absurdo comparar isso com aqueles que resistem e se defendem. Nossas armas em comparação são primitivas. Se tivéssemos a capacidade de lançar armas precisas e misseis em alvos militares não usaríamos os foguetes que usamos. Somos forçados a nos defender. Usamos o que temos e é isso que temos.
O que deveríamos fazer? Deveríamos levantar a bandeira branca? Isso não vai acontecer. O mundo espera que nós vamos nos comportar enquanto estamos sendo assassinados? Que seremos massacrados sem fazer barulho? Isso é impossível. Decidimos defender o nosso povo com as armas que temos.”
De 2021 para 2024, o Hamas tomou uma proporção quase inimaginável. O partido não apenas faz barulho, não apenas resiste. Sua resistência está colocando em xeque a existência do Estado de “Israel”. Foi pela luta de homens como o mártir Ismail Hanié, como Iahia Sinuar, como dezenas de milhares de combatentes armados, de milhões de trabalhadores palestinos que isso foi possível. O Hamas foi a organização que liderou essa luta, desde 1987 até hoje. Lutou contra uma das maiores monstruosidades já criadas pelo imperialismo.
A ascensão do partido palestino é espetacular. É uma demonstração de que um povo que luta pode ser vitorioso, não importa a situação. Até mesmo de dentro de um campo de concentração, que é a Faixa de Gaza, é possível iniciar uma revolução e ser vitorioso. Os 10 meses de Dilúvio de al-Aqsa são a prova disso. “Israel” quer esconder sua fraqueza total em sangue, no sangue dos mártires de 50 mil palestinos, de Ismail Hanié, de Salé al-Arouri.
O Hamas avança para a vitória., “Israel”, em breve será apenas uma lembrança. Jerusalém será a capital de uma Palestina livre. Uma Palestina liberta por um bravo partido que liderou uma verdadeira epopeia revolucionária. O Hamas será lembrado eternamente como uma das grandes forças na libertação da humanidade.