O ganhador do Nobel da Paz Muhammad Yunus foi designado para liderar o governo interino em Bangladesh, após a dissolução do Parlamento e a fuga da premiê Sheikh Hasina.

A decisão de formar um governo interino chefiado por Yunus foi tomada durante reunião entre o presidente Mohamed Shahabuddin, comandantes militares e os estudantes que lideraram os protestos deste mês, informou a Presidência.

“O presidente pediu ao povo que o ajude a superar a crise. Para isso, é necessária a rápida formação de um governo interino’, acrescenta o comunicado.

Muhammad Yunus havia dito hoje à AFP que estava disposto a chefiar um governo interino. O economista, 84 anos, é conhecido por ter tirado milhões de pessoas da pobreza por meio da concessão de microcréditos, uma iniciativa pela qual recebeu em 1988 o prêmio Príncipe das Astúrias da Concórdia e em 2006 o Nobel da Paz. Sheikh Hasina o acusou de “sugar o sangue” dos pobres.

Nahid Islam, líder do coletivo de estudantes, confirmou a decisão e descreveu as conversas como “frutíferas”. O presidente Mohamed Shahabudin concordou que o governo interino “seja formado o quanto antes”, informou.

Desde o início das mobilizações, 432 pessoas morreram, segundo um levantamento da AFP baseado em relatórios da polícia, autoridades e médicos em hospitais.

Os distúrbios e confrontos deixaram ontem 122 mortos. Apesar de a situação ter se acalmado hoje, com a reabertura do comércio e o levantamento do toque de recolher, houve um registro de 10 mortes.

O Exército reestruturou nesta terça-feira a cúpula militar e destituiu altos comandantes considerados próximos de Sheikh Hasina.

A força também retirou do cargo Ziaul Ahsan, um oficial envolvido no Batalhão de Ação Rápida, uma força paramilitar sob sanções dos Estados Unidos por acusações de violar os direitos humanos.

O Exército anunciou ontem que formaria um governo interino.

Polícia se desculpa

O Exército reestruturou nesta terça-feira a cúpula militar e destituiu altos comandantes considerados próximos de Sheikh Hasina.

A força também retirou do cargo Ziaul Ahsan, um oficial envolvido no Batalhão de Ação Rápida, uma força paramilitar sob sanções dos Estados Unidos por acusações de violar os direitos humanos.

AFP reportou que o chefe de Estado ordenou a libertação das pessoas detidas durante as manifestações e da principal rival política de Sheikh Hasina, a ex-primeira-ministra Khaleda Zia, do BNP, que esteve anos em prisão domiciliar.

Em comunicado divulgado hoje, o principal sindicato da polícia pediu “desculpas” por ter disparado contra estudantes.

A federação afirmou que os policiais foram obrigados a “abrir fogo” contra os jovens e que, depois, foram apresentados como os “vilões”. Também anunciou uma greve para garantir a segurança dos efetivos.

Milhões de pessoas tomaram as ruas de Daca, a capital, na segunda-feira, após a renúncia de Sheikh Hasina.

Os manifestantes invadiram o Parlamento e incendiaram estações de televisão, e alguns destruíram estátuas do pai de Sheikh Hasina, Sheikh Mujibur Rahman, que liderou a luta pela independência contra o Paquistão em 1971.

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Última Atualização: 06/08/2024